29/09/2025 - 10:34
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a criticar o tarifaço criado por Donald Trump de 50% sobre a produção brasileira e a afirmar sua crença em uma resolução para o impasse entre os dois países.
+Estamos otimistas com negociações com Trump, diz Alckmin em entrevista
+Quais são as tarifas de Trump que estão em vigor
“Eu sempre acredito que o bom senso vai prevalecer, que nós temos que apostar nele, né?”, disse Haddad durante evento realizado pelo banco Itaú nesta segunda-feira (29).
“Não faz nenhum sentido o que eles estão fazendo. Economias amigas há 200 anos, países amigos há 200 anos, entrou e saiu o governo, de cá e de lá, nunca tivemos problema. Acho que foi um tiro no pé deles, inclusive pra economia americana. Não faz o menor sentido pagar mais caro o café, pagar mais cara a carne”, disse Haddad.
Sobre o encontro entre Donald Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na ONU, Haddad afirmou que “o discurso da ONU do presidente Lula foi muito oportuno, no momento certo, e gerou um clima mais amigável”.
O ministro afirmou que o governo busca envolver os fatores políticos por trás do tarifaço, já que, na carta em que anunciou a medida, Donald Trump criticou uma suposta perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Haddad disse que estão trabalhando “para explicar como funcionam os poderes no Brasil. Aqui não tem autocrata. Aqui tem presidente, tem Congresso, tem Supremo, mas não tem um autocrata no executivo, tem um democrata”.
Haddad e Scott Bessent
O ministro relembrou encontro que teve com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, no primeiro semestre do ano, àquela altura para discutir uma tarifa de 10% sobre a produção brasileira. O cargo de ambos é equivalente dentro da burocracia de seus respectivos países.
“Eu afirmei que não fazia o menor sentido tarifar a América do Sul, que enquanto subcontinente era deficitário em relação aos Estados Unidos. A devolutiva dele foi: ‘Eu concordo, vamos sentar para conversar'”, contou Haddad sobre a conversa com Bessent.
Em 13 de agosto, no entanto, um novo encontro entre ambos para discutir o tarifaço de 50% que já estava em vigor foi cancelado. Scott Bessent escolheu receber no mesmo dia o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que trabalha nos Estados Unidos por sanções contra o Brasil capazes de pressionar pela anistia de seu pai, Jair Bolsonaro, condenado por participar de uma tentativa de golpe de estado.