04/09/2025 - 16:34
As exportações brasileiras para os Estados Unidos registraram uma queda acentuada de 18,5% no primeiro mês de vigência da nova tarifa de 50% imposta por Donald Trump, em comparação com 2024. No mesmo período, as vendas para a China cresceram 29,9%, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (4) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
+Brasil registra superávit de US$ 6,1 bilhões em agosto, primeiro mês sob tarifaço de Trump
+Trump diz que pretende endurecer regras para voto nos EUA
O valor embarcado para os EUA ficou em US$ 2,76 bi, contra US$ 3,39 bi em 2024. Já para a China, Hong Kong e Macau, houve uma variação de US$ 7,38 bi no ano passado, para US$ 9,59 bi em 2025.
A participação dos EUA nas exportações brasileiras caiu para 9,3%, um recuo em relação aos 11,8% registrados no mesmo mês do ano passado.
Diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do MDIC, Herlon Brandão esquiva-se de atribuir o resultado a um impacto de mudanças impostas pelo novo regime tarifário. “Para falar o que é efeito de tarifa, é preciso de tempo”, diz. “Não tem como aferir que é o produto de um pais indo para outro.”
Ao mesmo tempo, Brandão ponderou que choques tarifários costumam causar grande impactos comerciais. “É muito provável que, sim, [o recuo das exportações para os EUA] esteja relacionado a uma maior tarifa, que gera um maior nível de preços e uma redução de demanda”, disse.
Para a União Europeia, o resultado também foi de queda, de 11,9%. Já ao observar todas as exportações e importações brasileiras para diferentes países, o saldo da balança comercial no mês foi positivo em US$ 6,1 bilhões, valor 35,8% maior em relação ao mesmo mês de 2024.
Comércio com os EUA
Os dados no entanto mostram queda significativa no valor embarcado para os EUA de produtos sujeitos às novas tarifas, como açúcar (-88,4%), carne bovina (-46,2%) e madeira (-39,9%).
Ao mesmo tempo, recuaram também os valores absolutos importados pelo país de produtos inclusos nas isenções posteriormente anunciadas pelo governo Donald Trump. É o caso das aeronaves e partes de aeronaves (-84,9%), óleos combustíveis (-37%), minério de ferro (-100%) e celulose (-22,7%).
“Eles caíram mesmo não estando sujeitos às tarifas. Então, atribuo muito aos efeitos da antecipação de julho”, diz Brandão. No mês anterior, quando já havia o anúncio de que as taxas entrariam em vigor no dia 6 de agosto, um grande volume de compras foram antecipados por compradores estadunidenses.
O mês não foi marcado apenas por recuos. Houve também crescimento nas vendas de diversos produtos para os EUA, como instalações e equipamentos de engenharia civil, óleos e gorduras animais, albumina, pneu de borracha, alumínio, veículos de transporte de mercadorias, café não torrado, geradores elétricos e suco de laranja.
Crescimentos nas exportações
Na comparação com 2024, houve uma queda nos preços de diversas commodities exportadas para a China. Ainda assim, um crescimento no volume embarcado impulsionou o crescimento no valor absoluto enviado ao país asiático.
Destaca-se o aumento no valor exportado de óleos brutos de petróleo (75%), soja (28,4%), carne bovina (84%), minério de ferro (4,9%) e açúcar e melaço (20%).
A China não foi o único país a exportar mais do Brasil neste mês na comparação com o ano de 2024. O relatório do MDIC destaca o crescimento nos valores embarcado para outras nações, como o México (43,8%), Argentina (40,4%) e Japão (7,6%).