14/09/2025 - 17:22
Em artigo publicado neste domingo, 14, no jornal americano The New York Times, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz que o texto é para “estabelecer um diálogo aberto e franco com o presidente dos Estados Unidos”. Isso porque, escreve Lula, ele “examinou cuidadosamente” os argumentos apresentados pelo governo de Donald Trump para impor tarifas extras de até 50% aos produtos brasileiros que chegam aos Estados Unidos, e que, “sem justificativa econômica”, a medida “deixa claro que a motivação da Casa Branca é política”.
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Lula afirma que “recuperar empregos americanos e reindustrializar são motivações legítimas”, mas que “recorrer a ações unilaterais contra Estados individuais é prescrever o remédio errado”.
O presidente brasileiro argumenta que “o multilateralismo oferece soluções mais justas e equilibradas”, além disso, os Estados Unidos “não apresentam déficit comercial com o nosso país, nem estão sujeitos a tarifas elevadas”.
“O aumento de tarifas imposto ao Brasil neste verão não é apenas equivocado, mas também ilógico. Os Estados Unidos não apresentam déficit comercial com o nosso país, nem estão sujeitos a tarifas elevadas. Nos últimos 15 anos, acumularam um superávit de US$ 410 bilhões no comércio bilateral de bens e serviços. Quase 75% das exportações americanas para o Brasil entram com isenção de impostos. Pelos nossos cálculos, a tarifa média efetiva sobre produtos americanos é de apenas 2,7%. Oito dos 10 principais itens têm tarifa zero, incluindo petróleo, aeronaves, gás natural e carvão”.
O presidente Lula afirma, então, que o governo dos Estados Unidos está “usando as tarifas e a Lei Magnitsky para buscar impunidade para o ex-presidente Jair Bolsonaro”. “Estou orgulhoso da Suprema Corte brasileira pela sua decisão histórica de quinta-feira, que salvaguarda nossas instituições e o Estado democrático de direito.”
Ele aproveita para reforçar que o julgamento de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) tenha foi uma “caça às bruxas”, conforme classificou o presidente Trump. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, usou o mesmo termo ao dizer que os EUA responderão adequadamente a “essa caça às bruxas”, na quinta-feira, após o STF formar maioria para condenar Bolsonaro.
Escrevendo ao presidente dos EUA, Donald Trump, Lula diz que o país está aberto a negociar quaisquer coisas que tragam benefícios mútuos para os países. “Mas a democracia e a soberania brasileira não estão na mesa”.
“As nações não apenas coexistem, mas trabalham lado a lado com base no respeito mútuo.” É assim que vejo a relação entre o Brasil e os Estados Unidos: duas grandes nações capazes de se respeitar e cooperar para o bem de brasileiros e americanos”.
Pix e plataformas
O presidente Lula ainda abordou o sistema de pagamentos Pix e as redes sociais em seu artigo. Ele diz ser “infundadas” as alegações de que o Brasil teria práticas injustas no comércio digital e em serviços de pagamentos eletrônicos, por supostamente priorizar o Pix. “Não têm base”.
“Ao contrário de ser injusto com os operadores financeiros dos EUA, o sistema digital de pagamentos brasileiro, conhecido como Pix, permitiu a inclusão financeiras de milhões de cidadãos e empresas. Não podemos ser penalizados por criar um mecanismo rápido, gratuito e seguro que facilita as transações e estimula a economia”.
Lula escreve ainda serem “falsas” as afirmações americanas de que o sistema judiciário brasileiro de mirar e censurar empresas de tecnologia americanas. “Essas alegações são falsas. Todas as plataformas digitais, domésticas ou estrangeiras, estão sujeitas às mesmas leis no Brasil. É desonesto chamar a regulação de censura, especialmente quando o que está em jogo é a proteção das nossas famílias contra fraudes, desinformação e discurso de ódio”.