20/02/2025 - 16:16
O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, disse nesta quinta-feira, 20, que o aumento de tarifas do governo Donald Trump, nos Estados Unidos, não tem efeitos imediatos na Vale, mas traz impactos secundários ligados ao arrefecimento da atividade econômica mundial.
“Já tivemos essa experiência (com o governo Trump) no passado, e precisamos ver onde isso vai terminar, quais os níveis de aumento das tarifas. Não vendemos minério para os Estados Unidos, que é autossuficiente nisso. Mas entendemos que tem efeitos secundários, de arrefecimento e demanda mundial, e que podem gerar impacto. Não vemos impacto relevante agora, mas seguimos monitorando”, disse.
Ele falou a jornalistas em entrevista na sede da mineradora, no Rio. Com relação à China, Pimenta disse que o país segue sendo o principal mercado da Vale e deve manter ou ter leve crescimento na demanda este ano, ligada a diversificação da economia.
“Eles (China) tiveram boa performance este ano, crescimento acima de 5%, demanda em torno de um bilhão de toneladas de aço. A China deve seguir com ritmo de produção forte, pouco acima de 1 bilhão de toneladas”, disse Pimenta.
Ele lembrou que a demanda do país asiático tinha uma dependência muito forte do segmento imobiliário, que caiu substancialmente, mas vem sendo compensada pelos setores de manufatura e infraestrutura.
“Isso fez com que a demanda chinesa por minério de ferro se equilibrasse. E a gente vê outros mercados acelerarem. Há outros mercados na Ásia crescendo ano contra ano, o que faz com que vejamos equilíbrio em 2025”, disse o executivo, ao citar especificamente a Índia.
Pimenta afirmou ainda que os preços atuais do minério de ferro respondem a um mercado de equilíbrio e, se as cotações caírem abaixo de US$ 90, cerca de 150 milhões de toneladas deixarão de ser oferecidas globalmente e o preço se corrigirá.
“A gente vê que os preços atuais respondem a um mercado em equilíbrio, e acho difícil imaginar grandes variações estruturais neste momento. A gente acha que US$ 90, hoje, é o preço de equilíbrio de longo prazo”, comentou o CEO. “Abaixo de US$ 90, (a produção de) aproximadamente 150 milhões de toneladas de minério ficam ineconômicos.”
Desempenho sólido
O presidente da Vale definiu o desempenho da companhia em 2024 como “sólido” e se disse satisfeito com os resultados alcançados pela gestão até o momento. “Estou feliz com os resultados que alcançamos até aqui. Concluímos 2024 com desempenho sólido, reduzimos a taxa de frequência de lesões e alcançamos 57% do programa de descaracterização de barragens a montante. Não queremos ter mais barragens de nível três até o fim de 2025”, disse.
Ele mencionou, ainda, a assinatura e acordos de reparação, como o relativo ao acidente de Mariana.
Pimenta também destacou a entrega de projetos que adicionaram 30 milhões de toneladas de minério de ferro a baixo custo, em referência aos projetos de Capanema e Vargem Grande, ambas em Minas Gerais.
Ele também disse que a empresa pretende concluir no segundo trimestre deste ano a revisão dos ativos da Vale Base Metals (VBM), subsidiária voltada à produção de minerais não ferrosos, como níquel e cobre.
Pimenta sublinhou, ainda, o foco da gestão em otimizar dispêndios de capital, ao que associou redução na orientação e capex.
Na quarta-feira, 19, a Vale comunicou ao mercado novas projeções de investimentos para 2025: o capex total caiu de US$ 6,5 bilhões para US$ 5,9 bilhões, sendo o investimento em crescimento de US$ 1,6 bilhão, ante US$ 2 bilhões a US$ 2,5 bilhões anteriormente, e o investimento em manutenção de US$ 4,3 bilhões, ante US$ 4 bilhões a US$ 4,5 bilhões.