02/08/2025 - 9:00
Desde que passou a comandar o governo dos Estados Unidos, Donald Trump adotou uma política constante de imposição de tarifas comerciais. Algumas medidas foram aplicadas diretamente sobre determinados produtos; outras, como resposta a ações de governos estrangeiros.
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Com a assinatura recente de uma nova ordem, válida a partir de 7 de agosto, o cenário tarifário norte-americano se tornou ainda mais complexo. A estrutura dessas taxas varia de acordo com o país e o setor afetado, o que tem gerado dúvidas frequentes.
No caso do Brasil, há uma tarifa de 50% em vigor – inicialmente de 10%, mas aumentada em 40 pontos percentuais posteriormente.
A medida foi assinada oficialmente no dia 30 de julho e entra em vigor no dia 6 de agosto.
Inicialmente essa tarifa valeria para todos os produtos brasileiros, todavia o presidente dos Estados Unidos abriu uma série de exceções após um acordo com o Brasil, deixando dentro das alíquotas de 50% produtos como carne e café, que são relevantes, mas excetuando vários outros que também são representativos, como castanhas, sucos, polpas, minério de ferro, combustível de aviação e equipamentos usados na aviação civil.
Também ficaram de fora do tarifaço produtos como polpa de madeira, celulose, metais preciosos, energia e produtos energéticos e fertilizantes.
Você pode conferir a lista completa de exceções das tarifas ao Brasil no documento oficial publicado pela Casa Branca.
Vale destacar que o republicano tem fechado acordos com diversas nações, então o panorama tem mudado quase que diariamente. Para verificar a situação em tempo real do tarifaço é possível acompanhar as principais notícias na IstoÉ Dinheiro, verificar fontes oficiais ou acessar plataformas que compilem os dados – como o Trump Tariff Tracker, do escritório de advocacia Reed Smith.
Entre os países que ainda não firmaram novos entendimentos com Washington, as tarifas têm oscilado entre 15% e 20%. Veja a seguir como estão as regras para alguns dos principais parceiros comerciais dos EUA:
União Europeia
Os países do bloco europeu chegaram a um entendimento com os EUA no final de julho. Acordou-se que 70% dos itens exportados para o mercado americano pagariam 15% de tarifa.
Produtos como cobre, alumínio e aço, no entanto, continuam com uma taxa separada de 50%, sem alterações previstas. Medicamentos e semicondutores, por ora, ficaram de fora das novas regras, embora Trump tenha indicado que esses setores poderão ser incluídos no futuro.
Parte do acordo envolve compromissos de investimentos: até 2028, os europeus se comprometeram a comprar US$ 750 bilhões em energia americana e a realizar aportes de US$ 600 bilhões nos EUA. Outras tarifas ameaçadas — como as de 50% sobre todos os produtos e de 200% sobre bebidas alcoólicas — não saíram do papel.
China soma maior patamar de tarifas anunciadas
O país asiático é o mais atingido pelas medidas recentes. Se todas as alíquotas forem somadas, o total pode alcançar 145%. Entram nessa conta:
- 10% de tarifa recíproca iniciada em abril
- Tarifa relativa ao fentanil, que começou em 10% e foi elevada para 20%
- Tarifa específica que acumulou aumentos e atingiu 115%
Um acordo temporário firmado em 12 de maio reduziu esse patamar. Por 90 dias, os EUA reduziram suas tarifas para cerca de 30%, e a China recuou de 125% para 10%. A trégua expira em 12 de agosto. Há expectativa de renovação, mas até agora não houve anúncio oficial.
Rússia
Mesmo já enfrentando sanções desde o início da guerra na Ucrânia, Moscou voltou ao centro do debate. Trump encurtou o prazo dado para a retirada das tropas: agora são 10 dias, sob pena de uma tarifa de 100%.
O período anterior era de 50 dias, mas foi revisto após declarações da Casa Branca sobre insatisfação com a postura de Putin. O governo russo minimizou as ameaças, alegando que o país já opera sob bloqueios e desenvolveu mecanismos para enfrentar esse tipo de pressão.
Canadá
Washington avisou que a partir de agosto as vendas canadenses estarão sujeitas a um imposto de 35%. Em paralelo, Trump fez ameaças de novas penalizações caso o país declare reconhecimento formal do Estado da Palestina.
Japão
Uma taxa de 25% foi anunciada no fim de julho, com início marcado para 31 do mesmo mês. No entanto, a aplicação foi adiada para 7 de agosto. Nesse intervalo, houve avanço nas tratativas, e o Japão fechou acordo para reduzir a alíquota para 15%.
Em troca, prometeu investir US$ 550 bilhões nos EUA. A lista tarifada inclui automóveis e componentes automotivos, que já enfrentavam a mesma taxa desde o começo de 2025.
Reino Unido
Desde o fim de julho, está em vigor uma tarifa de 10% sobre boa parte das exportações britânicas. A medida é válida até o dia 7 de agosto. A exceção abrange setores como aço, alumínio, veículos, computadores e eletrônicos.
Negociações bilaterais vêm sendo conduzidas desde maio para flexibilizar essas cobranças.
Coreia do Sul
As tarifas sobre os produtos sul-coreanos começaram a valer no fim de julho, com término previsto também para 7 de agosto. A tarifa foi fixada em 15%, abaixo dos 25% que eram esperados inicialmente.
Para aço e alumínio, porém, a alíquota aplicada é de 50%. Em contrapartida no acordo sobre as tarifas, o governo sul-coreano prometeu aportar US$ 350 bilhões nos EUA e comprar US$ 100 bilhões em gás natural e outras matérias-primas.