A fabricante de roupas e acessórios esportivos Poker, com sede em Montenegro (RS), quer se transformar em marca de renome internacional. Líder na fabricação e comercialização de luvas para goleiros de futebol e também em vestimenta e acessórios para natação no Brasil, a marca está presente em outros segmentos esportivos e já atende aos mercados de Portugal, Uruguai, Chile, República Dominicana e Argentina. A meta é fornecer para 20 países, entre eles o Qatar, sede da próxima Copa do Mundo, no prazo máximo de três anos.

Segundo o diretor administrativo Rogério Bordin Cauduro, a empresa contou com a consultoria do Centro Internacional de Negócios (CIM) da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), para identificar os países mais adequados para a Poker expandir sua marca. Foram selecionados 34 países, mas a diretoria resolveu focar em 20. “Já estamos em cinco e os próximos serão Paraguai, Bolívia, Colômbia, Equador e Perú”, afirma o executivo.

No Brasil e no mundo, a maior fatia está nas mãos de quatro companhias, mas o restante está pulverizado entre dezenas de concorrentes. De acordo com dados da Sport Value, empresa de marketing esportivo, o mercado de moda esportiva movimenta, no mundo, o equivalente a R$ 1 trilhão ao ano. A Nike é líder com faturamento de R$ 134,3 bilhões, seguida da Adidas (R$ 93,7 bilhões), Under Armour (RS 19,5 bilhões) e Puma (R$ 18,3 bilhões). Somadas, elas detém fatia de 83% do mercado global. O Brasil movimentou R$ 13 bilhões no ano passado e a expectativa é de que o mercado cresça 8% em 2019.

Além de se internacionalizar, a Poker investirá para promover itens voltados para esportes individuais. Atualmente, a empresa conta com nove linhas divididas em natação, bolsas, luvas, futebol, bolas, bike, ginástica, funcional e acessórios. Para atingir seus objetivos, a empresa investe 5% do seu faturamento em promoção.

O melhor exemplo são as luvas, carro-chefe de vendas com 320 mil pares vendidos por ano. Quatorze goleiros da Série A do Campeonato Brasileiro de futebol são patrocinados pela empresa. Entre eles Weverton, do Palmeiras, que já foi convocado para atuar na Seleção Brasileira. São, no total, 80 goleiros patrocinados no Brasil e no mundo, incluindo a Série B nacional e a divisão principal do futebol português.

WORKSHOPS Rogério, que administra a companhia em parceria com seu irmão Frêdi Bordin Cauduro, diretor de produtos, explica que a empresa surgiu há 33 anos e começou um processo de profissionalização há 12. “Percebemos que para continuar a crescer e para sermos percebidos no mercado era necessário que a marca se tornasse profissional. Hoje estimamos ter entre 40% e 45% do mercado de luvas. Queremos estender isso para outros itens”, explica Rogério.

Segundo o executivo, a marca também é líder nacional em roupas e acessórios para natação, mas os produtos dessa linha não são percebidos pelos consumidores. Para mudar isso, a ideia é repetir a estratégia usada no principal item de venda. Além de atletas a Poker patrocina eventos e realiza workshops com os goleiros. É quando a empresa recebe o feedback dos profissionais e usa as informações para melhorar a qualidade das luvas. O mesmo será feito na natação a partir do ano que vem. “Estamos em tratativas com quatro nadadores de nível olímpico para patrocinarmos. Se um atleta de alto nível usa é porque o produto é bom”, afirma.

“Brasileiro gosta de marca. Por isso, é preciso que companhia se posicione com seus diferenciais, alinhando os produtos a atletas com os quais o público alvo se identifique”, afirma Angelina Stockler, consultora de franquias, varejo e gestão de redes. Ela lembra que o mercado de artigos esportivos é dominado por empresas de atuação global, o que torna a disputa ainda mais difícil. Para ela, a estratégia adotada pela Poker é acertada por colocar ídolo do esporte como divulgadores da marca. Angelina entende que o momento é favorável para investimentos como o da Poker porque o varejo em geral começa a dar sinais de recuperação e porque o mercado esportivo está em franco crescimento. “Nunca se praticou tanto esporte, nunca se buscou tanta qualidade de vida. Não falo apenas do esportista. Incluo o atleta de fim de semana. Nos dias de hoje as roupas esportivas também fazem parte do vestuário normal”.

CRESCIMENTO DE 15% A expectativa de Rogério Cauduro é que a empresa fature R$ 85 milhões neste ano. “Esperamos crescer 15% na comparação com 2018”. Ele projeta chegar aos R$ 100 milhões no final de 2020. Além da fábrica no Rio Grande do Sul, a Poker conta com 32 unidades de produção terceirizadas dentro e fora do País, empregando 540 colaboradores. A montagem de alguns itens é feita em Taiwan, Paquistão ou na China por questões de custo e qualidade. “O Paquistão tem a melhor mão-de-obra para a confecção de bolas, por exemplo”, afirma Rogério, A empresa coloca no mercado 2,1 mil itens e produz 1,4 milhão de peças por ano. A estimativa é de que eles cheguem a um total de 1,1 milhão de consumidores.