Caipirinha made in Brazil. O slogan traduz a nova jogada das Indústrias Reunidas de Bebidas Tatuzinho-3 Fazendas, mais conhecida pela cachaça Velho Barreiro. O grupo decidiu se lançar ao mercado internacional e vai usar a tradicional bebida nacional como ponta de lança de um plano que inclui até a instalação de uma fábrica na China. O último empecilho ao projeto acaba de ser derrubado: depois de meses de desenvolvimento, US$ 800 mil investidos em pesquisa e um golpe de sorte, a empresa conseguiu chegar à fórmula inédita para lançar seu produto em latas, preservando o sabor original e libertando o consumidor estrangeiro da tarefa de cortar e amassar o limão com o açúcar e acertar a quantidade de cachaça no copo. ?Pode parecer fácil para nós, brasileiros. Mas para eles a tarefa é difícil?, conta Cesar Rosa, diretor-presidente da Tatuzinho.

Trata-se da segunda tentativa da Tatuzinho de lucrar com a caipirinha, bebida que vem ganhando fãs nos bares da Europa. A empresa já havia tentado ganhar as gôndolas do supermercado com uma versão desidratada da bebida ? em saquinhos, para ser misturada à cachaça. Mas o produto não caiu no gosto dos europeus. Rosa então decidiu encontrar uma fórmula para
enlatar a bebida. O processo não foi simples. Eram muitos obstáculos, como a conservação da cachaça e do açúcar, que oxidavam depois de pouco tempo dentro da embalagem metálica. Durante meses os técnicos buscaram a solução. A resposta veio
num dia chuvoso e por acaso. Cansado de fracassos, Rosa sugeriu que a bebida fosse colocada na linha de envasamento de isotônicos do grupo. ?Põe lá e vê o que acontece?, disse o presidente. O resultado final foi surpreendente. O segredo, que Rosa não revela nem sob tortura, permite à caipirinha ficar enlatada por até 24 meses, com o mesmo sabor.

De março para cá, os primeiros embarques do produto já chegam a 15 mil caixas, quase 1% de todas as vendas de cachaça do Brasil para o exterior no ano passado. Rosa conta que a boa performance da cachaça no exterior é um dos motivos para a Tatuzinho estar de olho no mercado internacional. Em 2001, as exportações chegaram a US$ 8,5 milhões, um crescimento de quase 5% sobre o ano anterior. ?As vendas ainda são pequenas porque vendemos cachaça pura. Temos é que industrializar o produto, como a caipirinha, que alcança valores mais altos?, diz.

O sucesso inicial da caipirinha em lata faz Rosa sonhar alto. Ele já negocia com um grupo de empresários chineses a possibilidade de fabricar o produto no Oriente. A idéia é repetir o modelo usado pelas companhias multinacionais de refrigerantes: exportar o xarope e enlatar o produto no local. ?Temos que ter cuidado na escolha dos parceiros locais. Se tudo der certo, quero ser a Coca-Cola da caipirinha?, sonha Rosa.