06/10/2004 - 7:00
Alvejada no bolso pelas campanhas brasileiras em favor do Estatuto do Desarmamento, a Taurus, maior fabricante nacional (R$ 210 milhões de faturamento) e um dos três principais do mundo na confecção de revólveres e pistolas, teve uma boa notícia no último 19 de setembro. E ela veio do mercado norte-americano, onde a empresa tem uma fábrica desde 1981. Uma lei de 1994 que proibia a venda de ?armas de ataque? (fuzis e submetralhadoras) para os cidadãos comuns, caducou e não foi renovada. Na prática, qualquer morador de um dos 34 Estados que permitem o porte de arma pode, hoje, entrar em uma loja e sair exibindo um fuzil. A Taurus nem produz armamentos desse tipo, mas a lei servia também para pentes de pistolas com mais de dez projéteis. Com a liberação, ela voltará a vender conjuntos de 17 balas. Até criou o slogan ?O fim de dez anos só com dez balas?. Nesse segmento, a empresa tem 18% do mercado americano. Fatura US$ 35 milhões por ano só nos EUA.
No entanto, segundo Carlos Murgel, presidente da Taurus, os planos de sua companhia no futuro vão além do comércio de armas e acessórios. Há muito tempo o planejamento estratégico da empresa persegue a diversificação dos negócios. ?O ideal seria diminuir dos atuais 60% para 40% a participação da linha de armas na holding. Já foi de 80% em 1998?, explica. Além de armas, a companhia produz ferramentas, capacetes, escudos antitumulto, coletes à prova de balas e caixotes plásticos para armazenagem. Acaba de adquirir, também, a Wotan, de Gravataí
(RS), que fornece peças usinadas de grandes dimensões para hidrelétricas, termelétricas e turbinas de aviões.
Mas ao dar tiros para todos os lados, a Taurus pode sofrer um revés antes da hora. Isto é: antes de atingir o tal patamar de 40% que diminuiria sua dependência financeira com as armas. Se o Estatuto do Desarmamento determinar a extinção do comércio de armas para civis, a escala de produção da Taurus será afetada ? os compradores civis representam 10% das vendas no Brasil. ?Nos EUA, só montamos as armas, pois toda a fabricação é realizada aqui. Isso significa que a perda de competitividade no Brasil terá reflexos na operação americana?, prevê Murgel. E pressiona: ?Não descartamos transferir nossa produção para Miami. Mas isso não acabaria com a criminalidade, e sim com os empregos que geramos no Brasil?. Carlos Murgel é naturalmente contra o desarmamento da população brasileira.
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US$ 35 milhões é a receita da Taurus nos EUA |