30/09/2025 - 9:09
A taxa de desemprego no Brasil se manteve em 5,6% no trimestre móvel encerrado em agosto, repetindo assim o patamar mais baixo da série história iniciada em 2012 e mostrando que o mercado de trabalho segue aquecido e resiliente.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta terça-feira, 16, pelo IBGE. No trimestre encerrado em julho, o país tinha registrado pela primeira vez a taxa de 5,6%.
O resultado veio dentro do esperado. A mediana das previsões em pesquisa da Reuters era de que a taxa ficaria em 5,6% no período.
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Apesar de ter estacionado, a taxa de desocupação caiu 0,6 ponto percentual (p.p.) frente ao trimestre móvel anterior (6,2%) e 1 p.p. ante o mesmo trimestre de 2024 (6,6%).
Apesar do mercado de trabalho aquecido, ainda são 6,1 milhões de pessoas desempregadas no país. O número, porém, é o menor da série histórica e representa uma queda de 9,0% (menos 605 mil pessoas) frente ao trimestre até maio. Em relação ao mesmo período de 2024, a redução foi de 14,6% (menos 1 milhão de pessoas). Veja aqui a pesquisa na íntegra.

Outros recordes
O contingente de pessoas ocupadas chegou a 102,4 milhões no trimestre até agosto, alta de 1,8% (mais 1,9 milhão de pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2024. Com esse resultado, o nível da ocupação, que mede o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, ficou em 58,1%, e se manteve no patamar mais alto da série histórica.
O número de empregados com carteira assinada também foi recorde (39,1 milhões), com alta de 3,3% (mais 1,2 milhão de pessoas) no ano. Já o número de empregados sem carteira no setor privado somou 13,5 milhões, com queda de 3,3% (menos 464 mil pessoas) no ano.
“O mercado de trabalho aquecido proporciona uma alteração do perfil das contratações, pois com menor disponibilidade relativa de mão de obra, as contratações somente acontecem com mais benefícios para os trabalhadores, como a carteira assinada por exemplo”, afirmou o analista da pesquisa, William Kratochwill.
Queda no número de trabalhadores domésticos
A categoria dos trabalhadores domésticos, estimada em 5,6 milhões de pessoas, teve queda de 3,3% no confronto com o trimestre anterior e de 3,4% (menos 197 mil pessoas) em um ano.
“Muitas vezes, em momentos mais difíceis da economia, as pessoas migram para os serviços domésticos. O que podemos estar presenciando é o movimento contrário, onde os trabalhadores identificam melhores oportunidades de trabalho, com melhores condições e rendimentos, e deixam os serviços domésticos”, avalia William.
Renda média mensal de R$ 3.488
O rendimento médio real do trabalhador ficou em R$ 3.488 no trimestre até agosto, com estabilidade frente ao trimestre até maio e alta de 3,3% em relação ao mesmo trimestre de 2024. Com isso, a massa de rendimento médio real habitual chegou a R$ 352,6 bilhões de reais, com alta de 1,4% frente ao trimestre até maio e de 5,4% frente ao mesmo trimestre de 2024.
A taxa de informalidade foi de 38% da população ocupada (ou 38,9 milhões de trabalhadores informais) contra 37,8 % (ou 38,6 milhões) no trimestre anterior e 38,9 % (ou 39,1 milhões) no trimestre encerrado em agosto de 2024.
Impactos na inflação e nos juros
Claudia Moreno, economista do C6 Bank, projeta que a taxa de desemprego encerre o ano próxima a 5,5%, “patamar bastante baixo para os padrões históricos do país.”
O mercado de trabalho vem mostrando força e resiliência neste ano mesmo diante de uma desaceleração gradual da atividade econômica, o que mantém o Banco Central em alerta.
Neste mês, o BC decidiu manter a taxa básica de juros Selic em 15%, destacando que o ambiente incerto demanda cautela e que seguirá avaliando se manter os juros nesse patamar por período bastante prolongado será suficiente para levar a inflação à meta.
Se por um lado o mercado de trabalho forte com renda elevada ajuda a sustentar a economia, especialmente através do consumo das famílias, por outro dificulta o controle da inflação, com atenção especial à de serviços
Com informações da Reuters