17/03/2023 - 10:28
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) – O Brasil iniciou 2023 com aumento da taxa de desemprego no trimestre até janeiro pela primeira vez em um ano, em meio a um esgotamento da recuperação diante da reabertura econômica após a pandemia de Covid-19 e dos efeitos do aperto monetário.
A taxa de 8,4% divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra aumento em relação aos 8,3% vistos no trimestre imediatamente anterior, de agosto a outubro.
É o primeiro avanço desde o trimestre encerrado em janeiro de 2022 e também representa alta ante a taxa de 7,9% registrada no quarto trimestre de 2022, até dezembro.
Ainda assim, é a mais baixa para o período de novembro a janeiro desde 2015 e fica bem abaixo dos 11,2% vistos no mesmo período do ano passado.
A expectativa em pesquisa da Reuters para a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua era de uma taxa de desemprego de 8,3%.
Resultados econômicos positivos e a reabertura após a pandemia deram fôlego ao mercado de trabalho no ano passado, apresentando inclusive aumento da formalidade.
No entanto, os efeitos defasados do aperto da política monetária –a taxa básica Selic saiu do menor nível histórico de 2% e está atualmente em 13,75%– e a desaceleração econômica global tendem a pesar sobre o cenário.
“A pesquisa confirma a tendência de piora que esperávamos na desocupação e mostra os efeitos da desaceleração da economia no emprego”, avaliou Claudia Moreno, economista do C6 Bank.
Ainda no período, a renda real habitual cresceu 1,6% na comparação com o trimestre imediatamente anterior, para 2.835 reais, e 7,7% na comparação anual.
No trimestre encerrado em janeiro o número de desempregados no país era de 8,995 milhões, o que representa uma queda de 0,3% ante os três meses até outubro e de 25,3% sobre o mesmo período do ano anterior.
Mas o total de ocupados também caiu na comparação com o trimestre imediatamente anterior, 1,0%, alcançando 98,636 milhões, embora isso represente um avanço de 3,4% sobre os três meses até janeiro de 2022.
“A perda da ocupação é um movimento sazonal e típico dessa época do ano. Janeiro com dados de novembro e dezembro ainda é cedo para taxar uma perda de força ou tração no mercado de trabalho”, disse a coordenadora do IBGE Adriana Beringuy.
“O comportamento do mercado vai responder à dinâmica da economia e temos que esperar essa sazonalidade para ver para onde vai esse mercado de trabalho”, acrescentou ela.
Segundo Beringuy, “é possível perceber de uma maneira mais acentuada a perda de ocupação das atividades de Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, com uma retração de 272 mil pessoas; e de Administração pública, educação e saúde, com perda de 342 mil pessoas”, referindo-se à comparação com o trimestre até outubro de 2022.
O nível de ocupação, que mede o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, foi estimado em 56,7%, igualando o percentual alcançado no mesmo trimestre de 2016.
Os trabalhadores com carteira assinada no setor privado somavam 36,813 milhões, alta de 0,5% sobre o trimestre até outubro, enquanto os que não tinham carteira eram 13,108 milhões, queda de 2,0%.
(Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier)