A taxa de desemprego subiu para 6,8% no trimestre encerrado em fevereiro, aumentando 0,7 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (6,1%). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta sexta-feira, 28, pelo IBGE.

Apesar da alta, a taxa repetiu seu valor mais baixo entre os trimestres encerrados em fevereiro (6,8%), que havia ocorrido em 2014.

O resultado veio dentro do esperado por analistas após a taxa ter atingido mínimas históricas no final de 2024. A mediana das previsões em pesquisa da Reuters era de que a taxa ficaria em 6,8% no período.

O número de desempregados atingiu 7,5 milhões, um aumento de 10,4% (ou mais 701 mil pessoas) no trimestre. Na comparação interanual, entretanto, caiu 12,5% (menos 1,1 milhão de pessoas).

Para Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, a alta “segue o padrão sazonal da PNAD contínua com a tendência de expansão da busca por trabalho nos meses do primeiro trimestre de cada ano”.

Evolução da taxa de desemprego no Brasil

Renda recorde

O IBGE destacou que apesar da alta do desemprego, o rendimento dos trabalhadores chegou ao recorde da série histórica (R$ 3.378), assim como o número de trabalhadores com carteira assinada.

O rendimento real habitual mensal de todos os trabalhos subiu nas duas comparações: 1,3% no trimestre e 3,6% no ano, chegando ao recorde da série histórica iniciada em 2012. A massa de rendimentos (R$ 342,0 bilhões) também atingiu novo recorde, mantendo estabilidade no trimestre e crescendo 6,2% (mais R$ 20,0 bilhões) no ano.

O número de empregados com carteira de trabalho chegou a 39,6 milhões, novo recorde da série, com crescimento de 1,1% (ou mais 421 mil pessoas com carteira assinada) no trimestre. Já o número de empregados sem carteira (13,5 milhões) caiu 6% no trimestre e manteve estabilidade no ano.

O número de empregados no setor público (12,4 milhões) recuou 3,9% no trimestre, enquanto o contingente de trabalhadores por conta própria (25,9 milhões) ficou estável.

“A alta do rendimento no trimestre está relacionada à redução do contingente de trabalhadores informais em certos seguimentos das atividades econômicas, crescendo, portanto, a proporção de ocupações formais com maiores rendimentos”, explicou Adriana Beringuy, coordenadora da pesquisa.

Mercado de trabalho resiliente

Os números do IBGE reforçam a leitura de um mercado de trabalho ainda bastante aquecido, o que ajuda a estimular a atividade econômica e o PIB, mas por outro lado dificulta o controle da inflação, especialmente a de serviços.

“Os números da Pnad não alteram nossa visão de que o mercado de trabalho continuará aquecido ao longo de 2025. Acreditamos que a taxa de desemprego deva encerrar o ano próxima a 6%, patamar bastante baixo para os nossos padrões históricos. Esse cenário reforça nossa expectativa de que o Copom (Comitê de Política Monetária) deve manter o plano de voo sinalizado na última reunião e seguir aumentando os juros, embora em um ritmo menor”, avaliou Claudia Moreno, economista do C6 Bank.

Neste mês, o BC seguiu o ritmo já previsto de aperto nos juros e elevou a Selic em 1 ponto percentual, a 14,25% ao ano, e indicou um ajuste de menor magnitude para a reunião de maio.

Na véspera, a autoridade monetária piorou sua projeção de crescimento econômico do Brasil em 2025 de 2,1% a 1,9%, prevendo ainda uma continuidade da inflação acima do teto da meta ao longo deste ano.