30/04/2025 - 9:11
A taxa de desemprego subiu para 7% no trimestre encerrado em março, aumentando 0,8 ponto percentual em relação ao trimestre encerrado em dezembro (6,2%). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quarta, 30, pelo IBGE.
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Trata-se da 4ª alta consecutiva, considerando os trimestres móveis. No trimestre encerrado em fevereiro, ficou em 6,8%.
Apesar da nova alta, a taxa ainda está abaixo dos 7,9% registrados no 1º trimestre de 2024. Além disso, foi a menor taxa de desocupação para esse período desde o início da série histórica, posto ocupado anteriormente pelo trimestre encerrado em março de 2014, quando atingiu 7,2%.
O resultado veio dentro do esperado. A mediana das previsões em pesquisa da Reuters era de que a taxa ficaria em 7% no período.
O número de desempregados no país somou 7,7 milhões, alta de 13,1% (ou mais 891 mil pessoas no trimestre) e recuo de 10,5% (menos 909 mil pessoas) em 1 ano.
Contribuiu para o aumento da taxa de desocupação a redução da população ocupada do país, que caiu para 102,5 milhões (recuo de 1,3% ou menos 1,3 milhão de pessoas) no 1º trimestre. Ainda assim, de manteve 2,3% acima (mais 2,3 milhões de pessoas) frente a um ano antes.

Renda média do trabalhador renova recorde
Mesmo com a desaceleração da economia e com o aperto monetário promovido pela alta dos juros, o mercado de trabalho se mantém forte no país.
O rendimento médio das pessoas ocupadas chegou a R$ 3.410, novo recorde na série iniciada em 2012, com alta de 1,2% no trimestre e de 4% na comparação anual.
Entre os grupamentos, a comparação com o trimestre encerrado em dezembro de 2024 mostra aumento no rendimento de Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (4,1%, ou mais R$ 85) e Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (3,2%, ou mais R$ 145), sem variações significativas nos demais grupamentos.
Já a massa de rendimento real habitual (R$ 345 bilhões) manteve estabilidade no trimestre e crescendo 6,6% (mais R$ 21,2 bilhões) no ano.
Informalidade segue em queda
A taxa de informalidade caiu para 38% da população ocupada (ou 38,9 milhões de trabalhadores informais) contra 38,6 % (ou 40 milhões) no trimestre encerrado em dezembro de 2024 e 38,9 % (ou 38,9 milhões) no trimestre encerrado em março de 2024.
Repercussão
A taxa baixa de desemprego ajuda a estimular a atividade econômica, mas por outro lado dificulta o controle da inflação, principalmente a de serviços, o que vem mantendo o Banco Central no ritmo de aperto monetário.
O Banco Central volta a se reunir na próxima semana para determinar a taxa básica Selic, atualmente em 14,25%, com expectativa de nova alta.
Para Claudia Moreno, economista do C6 Bank, o mercado de trabalho permanecerá forte ao longo de 2025, apesar da desaceleração gradual da economia.
“Nossa projeção é de que a taxa de desemprego encerre o ano próxima a 6%, patamar bastante baixo para os padrões históricos do país”, avalia, acrescentando que as incertezas no cenário externo podem antecipar o fim do ciclo de ajuste.
Rafael Perez , economista da Suno Research, comenta que os dados mostram um mercado de trabalho ainda aquecido mesmo ante indicadores apontando para desaceleração econômica.
“De acordo com as nossas estimativas, a taxa de desemprego ajustada sazonalmente atingiu 6,6% em março, uma leve queda em relação ao mês de fevereiro (6,7%), o que revela que o mercado de trabalho continua resiliente mesmo diante de uma atividade dando sinais de desaceleração”, analisa.
“A sazonalidade do emprego, que no início do ano costuma mostrar um aumento na desocupação, devido ao encerramento de contratos temporários firmados no final do ano anterior, ajuda a explicar esse movimento de aumento da taxa de desemprego nos três primeiros meses do ano”, complementa.