30/11/2018 - 14:24
A taxa de investimento no terceiro trimestre foi inflada por causa das mudanças nas regras do Repetro, o regime especial de tributação da indústria de petróleo e gás. Não fossem as mudanças no Repetro, a taxa de investimento teria sido de 16,1%, em vez dos 16,9% obtidos no terceiro trimestre de 2018. Ainda assim, o desempenho foi melhor do que o registrado no terceiro trimestre de 2017, quando a taxa de investimento foi de 15,4%, explicou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“A taxa de investimento deu um salto. Mas sem o Repetro seria aproximadamente 16,1%, ou seja, a gente continuaria tendo crescimento, mas seria um pouco menor”, ponderou Rebeca.
No terceiro trimestre, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) teria avançado 2,7% ante igual período de 2017, em vez dos 7,8% de alta efetivamente registrados. Já as importações, tirando o efeito do Repetro, teriam crescido 6,9%, no lugar dos 13,5% computados pelo IBGE.
O fenômeno já era esperado por especialistas, como revelou o Broadcast há duas semanas. Com as mudanças no regime fiscal, plataformas já em atividade, que estavam registradas no exterior, foram registradas de volta no País, contando como importações. Os efeitos estatísticos causados pela mudança no Repetro não afetam o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) agregado, esclareceu o IBGE.
Construção
O setor de construção civil está em queda há 18 trimestres, informou Rebeca Palis. Mesmo assim, o segmento pesou positivamente na Taxa de Investimento.
De acordo com Rebeca, a construção movida pelo setor público ainda não reagiu. Os dados levantados pelo IBGE apontam o início da recuperação no mercado imobiliário como principal direcionador da redução no ritmo de queda do segmento.
Entre os fatores que contribuem para o crescimento do setor de construção, a coordenadora do IBGE destacou que “crédito com recursos direcionados ainda está patinando”. Chamou atenção, porém, para o aumento do crédito com recursos livres e para o crescimento no consumo das famílias que, segundo ela, foi impactado pela recuperação do emprego.
Para Rebeca, o consumo das famílias, que pesa 60% no cálculo do indicador, segue a recuperação da ocupação, que ainda é lenta e não está sendo acompanhada pela renda. Os indicadores do PIB do terceiro trimestre mostram peso significativo do setor de serviços, na ótica da demanda, e do consumo das famílias, na ótica das despesas.