22/07/2021 - 18:17
Os juros fecharam a quinta-feira, 22, com viés de alta nos vencimentos curtos e de queda nos longos. Em mais um dia sem condutores capazes de dar dinâmica clara às taxas e de agenda esvaziada, o mercado especulou com o exterior, a política e um eventual IPCA-15 de julho mais forte amanhã, o que ajuda a explicar a desinclinação da curva. O movimento de reforço das apostas de aperto de 0,75 ponto porcentual da Selic no Copom de agosto visto nos últimos dias estancou e o mercado voltou a ficar mais dividido em relação à possibilidade de aceleração no ritmo para 1 ponto porcentual. O leilão do Tesouro contribuiu para a volatilidade, embora com volumes e risco da operação (DV01) menores do que a anterior.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a sessão regular em 5,82%, de 5,79% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 7,128% para 7,185%. O DI para janeiro de 2025 fechou a 8,11% (de 8,125% ontem) e o DI para janeiro de 2027 a 8,55%, de 8,573%.
Nas mesas de renda fixa, profissionais acreditam que o recuo no nível de inclinação possa ser resultado de um posicionamento mais conservador dos agentes para o IPCA-15, combinado à expectativa de manutenção dos estímulos de liquidez pelos principais bancos centrais em função de dados mais fracos hoje de atividade nos EUA e sinalização neste sentido do Banco Central Europeu (BCE) mais cedo. Hoje, saíram números de pedidos de auxílio desemprego americano acima do esperado e de forte recuo no índice de atividade do Fed de Chicago. Já o BCE indicou que terá de manter sua política monetária em níveis estimulativos diante das ameaças da variante delta sobre a economia.
A instabilidade externa trouxe volatilidade para a curva, reforçada pelo leilão do Tesouro. Em relação ao anterior de mesmos vencimentos, os lotes foram menores, com o de LTN passando de 11,5 milhões para 10 milhões e o de NTN-F, de 1 milhão para 450 mil. Com isso, o DV01, segundo a Renascença, caiu 28,6% ante a operação do dia 8. À tarde, passado do leilão, as taxas longas começaram a cair em sintonia com a aceleração da queda do rendimento da T-Note de dez anos. Nos EUA, o Tesouro também fez leilão, de US$ 16 bilhões em títulos atrelados à inflação (TIPS) de 10 anos registrou yield (retorno) de -1,016% e demanda abaixo da média.
Na política, sobre o desmembramento do Ministério da Economia para voltar a acomodar a área de Emprego e Previdência, o mercado viu com bons olhos o fato de que o atual secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, será o número 2 da pasta, como “secretário geral” de Onyx Lorenzoni.