Após renovarem mínimas, as principais taxas de juros adotaram viés de alta nesta terça-feira em meio ao leilão do Tesouro Nacional e após quedas recentes. Os investidores avaliam ainda o indicador CPI dos Estados Unidos relativo a maio. O índice de preços ao consumidor subiu 0,1% em maio ante abril. O resultado ficou em linha com a mediana de analistas consultados pelo Projeções Broadcast e representa uma desaceleração, após alta de 0,4% em abril ante março.

Na comparação anual, o índice cheio do CPI dos EUA subiu 4,0% em abril, desacelerando em relação ao ganho de 4,9% de abril e abaixo da projeção, que previa acréscimo de 4,1%.

Conforme avalia o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, de forma geral, o CPI veio dentro do esperado, reforçando a estimativa de pausa na alta dos juros dos EUA amanhã. “O mercado está um pouco aliviado porque isso reforça a aposta de que o Fed não deve subir juros essa semana”, avalia.

No Brasil, acrescenta Rostagno, “a agenda de indicadores bem fraca, não tem nenhum grande catalisador”, avalia.

Um outro especialista em renda fixa acrescenta que a falta de condutor interno deixa a curva de juros “quase flat”. O profissional lembra que o maior movimento foi ontem, na esteira das palavras do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento. Reforçou que a queda nos juros futuros desde o anúncio do arcabouço fiscal abre o ambiente para a queda futura da Selic.

Já o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, Renato Dias Gomes, disse que o Copom não deve ter pressa na redução dos juros, hoje em 13,75% ao ano, em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Ao mesmo tempo, hoje o Itaú Unibanco alterou sua estimativa para início da queda da Selic, de outubro para setembro, com um recuo começando em 0,25 ponto porcentual. Este movimento, diz em relatório, deve ser seguido de dois cortes de meio ponto porcentual nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) de novembro e dezembro, o que deixará o juro básico em 12,50% no final de 2023.

“Esperamos que a redução das pressões inflacionárias e uma decisão prudente sobre o regime de metas para a inflação permitirão que o Copom antecipe o ciclo de flexibilização”, cita o Itaú.

Ontem, as taxas longas ficaram de lado, com viés de alta, enquanto as demais cederam.

Às 10h34 desta terça, após o leilão do Tesouro, o DI para janeiro de 2024 tinha 13,01%, de 12,995% na abertura e ante 12,98% do ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2025 exibia 11,05%, de 11,03% do ajuste de ontem, e o DI para janeiro de 2027 estava em 10,54%, após mínima a 10,50% e 10,49% do ajuste de ontem.