12/02/2025 - 18:36
Os juros futuros fecharam em direções divergentes nesta quarta-feira, com taxas curtas em baixa e longas em alta, refletindo, respectivamente, o reforço na expectativa de arrefecimento da economia após o resultado da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) e a alta dos rendimentos dos Treasuries, puxada pela inflação ao consumidor acima do que era esperado.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 encerrou em 14,89%, de 14,93% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 fechou a 15,06%, de 15,05%. A do DI para janeiro de 2029 subiu de 14,81% para 14,91%.
O sinal de baixa prevaleceu em boa parte da manhã em toda a extensão da curva, com a ponta longa até então contrariando o avanço dos yields dos Treasuries. A queda de 0,5% dos serviços prestados em dezembro ante novembro, trazida pela Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), deu combustível às apostas de que a economia entrou no modo de desaceleração já no quarto trimestre do ano passado, mantendo as taxas em baixa. A mediana das estimativas coletadas pelos Projeções Broadcast era de uma variação marginalmente positiva, de 0,1%.
“Mesmo Galípolo tendo desconversado sobre o assunto, o mercado parece fissurado na ideia da desaceleração. De fato, aplicando os pesos do PIB, a pesquisa é até mais negativa. O mercado tem estado mais sensível a dados de atividade do que ao IPCA”, afirma o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi.
Em seminário no Rio pela manhã, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, deixou claro que a autoridade monetária “vai tomar o tempo necessário para ter certeza de que os novos dados são uma tendência”, ao comentar a PMS. Ele diz que está sendo analisada a composição para que se possa fazer uma discussão absolutamente pertinente.
Ao mesmo tempo, afirmou que o País passará, no curto prazo, por com uma situação “desconfortável”, composta por um período de inflação ainda fora da meta e o início da desaceleração econômica causada pelo aumento de juros. De acordo com ele, o Brasil caminha para um patamar bastante elevado de aperto monetário e, pelo cenário-base do BC, há a expectativa tradicional do que se espera dos mecanismos e correias de transmissão da política monetária.
Borsoi destaca que os indicadores antecedentes da atividade em janeiro, como os Índices de Gerentes de Compras (PMIs, em inglês), sugerem que a dinâmica negativa do fim do ano passado adentrou 2025. Com isso, prossegue, vai se consolidando um ambiente de atividade fraca que tende a deslocar o foco do mercado mais para “o momento em que o BC vai virar a mão” do que para o nível em que a Selic vai chegar no fim do ciclo. Por virar a mão, entenda-se afrouxar a Selic. Amanhã sai a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) de dezembro e o consenso é de queda de 0,1% para o varejo restrito e de 0,1% para o ampliado.
Enquanto a ponta curta manteve-se em baixa até o fechamento, os DIs longos zeraram a queda e passaram a subir no fim da manhã, alinhados ao estresse na curva dos Treasuries. A taxa da T-Note abriu mais de 10 pontos-base, na esteira da divulgação do índice de inflação ao consumidor (CPI, em inglês) de janeiro nos EUA acima do previsto, rompendo os 4,60%.
Para o CEO da Gravus Capital, Ricardo Trevisan Gallo, a movimentação do mercado de juros está sendo limitada pela falta de definições do cenário político/fiscal. “A Selic de 15% está dada e agora é preciso ver o que vai acontecer com os gastos”, afirma.
O Tribunal de Contas da União (TCU), em sessão nesta quarta-feira, decidiu revogar a medida cautelar sobre o programa pé-de-meia, autorizando que o programa fique fora do Orçamento até deliberação do Congresso sobre o tema.