24/11/2025 - 18:48
Os juros futuros negociados na B3 terminaram o primeiro pregão da semana em firme queda por toda a extensão da curva a termo.
As taxas chegaram a renovar mínimas do dia durante discurso do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, no início da tarde desta segunda-feira, 24. Agentes avaliam que a fala pode ter sido um gatilho adicional, mas não trouxe elementos mais ‘dovish’, ou seja, inclinados a cortes, em relação às suas últimas declarações.
Assim, a avaliação é que a dinâmica benigna teve maior influência dos mercados de renda fixa globais – em especial do fechamento da curva americana, devido ao otimismo renovado com a possibilidade de o Federal Reserve (Fed) diminuir novamente o juro básico em dezembro. Cabe também observar que o declínio dos DIs foi exacerbado pela liquidez reduzida na sessão, e contou ainda com o suporte do bom comportamento do dólar à vista, que caiu 0,12% no fechamento, ficando abaixo de R$ 5,40.
Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 cedeu de 13,629% no ajuste de sexta-feira para 13,550%. O DI para janeiro de 2029 recuou de 12,883% no ajuste anterior para 12,800%. O DI para janeiro de 2031 marcou 13,130%, vindo de 13,202% no ajuste.
Por volta do mesmo horário, o rendimento da T-Note de 2 anos caía a 3,501%, o da T-Note de 10 anos, a 4,033%, e o do T-Bond de 10 anos baixava a 4,675%. Nesta segunda, o diretor do Fed Christopher Waller defendeu afrouxamento da política monetária na reunião do próximo mês do Comitê de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), o que endossou novamente a leitura de que haverá novo corte dos Fed Funds na ocasião.
“Fomos passageiros do exterior. Não tivemos dados domésticos muito relevantes na sessão desta segunda, mesmo nas falas de Galípolo”, avaliou Laís Costa, analista de renda fixa da Empiricus Research.
Ao participar de evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o comandante do BC voltou a destacar a atuação técnica da autarquia, que não pode “se emocionar” com ruídos midiáticos e tem o compromisso de levar a inflação ao centro da meta, de 3%. Sobre os próximos passos da política monetária, Galípolo citou que o BC continua “dependente dos dados” e ciente do seu compromisso com a meta. Comentou ainda que não lhe incomodam as críticas ao nível elevado da Selic.
Enquanto o presidente do BC discursava, os juros futuros acentuaram o ritmo de declínio e tocaram novas mínimas intradia. “Acho que a queda adicional nos DIs tem relação com a fala de Galípolo, mas não vi nada demais no que ele falou para motivar isso”, comentou Flávio Serrano, economista-chefe do banco BMG.
Segundo Costa, da Empiricus, o mercado está tão reativo e ansioso para o início do ciclo de afrouxamento que qualquer declaração considerada não ‘hawkish’ é motivo para montar posições aplicadas em juros, ou seja, que apostam em cortes. “Além disso a liquidez foi mais leve. É natural que qualquer ‘player’ maior que faça uma movimentação já mexa na curva”, ponderou.
No campo dos indicadores, a principal alteração trazida pelo boletim Focus foi na mediana para a Selic, que caiu de 12,25% para 12% ao final de 2026, e de 10,00% para 9,75% para 2028. As projeções para 2025 e 2027 seguiram em 15% e em 10,50%, pela ordem. Já o consenso de mercado para a alta do IPCA em 2026 passou de 4,46% para 4,45%, e de 4,20% para 4,18% em 2026, permanecendo em 3,8% em 2027 e 3,5% em 2028.
Também nesta segunda e sem efeito na curva, foi publicada a arrecadação federal de outubro, que somou R$ 261,908 bilhões, abaixo da mediana de estimativas do Projeções Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, de R$ 264,5 bilhões. Já o relatório bimestral de receitas e despesas, conhecido na noite da última sexta-feira, não trouxe novidades significativas. “Os dados fiscais foram bem pouco comentados pelos agentes”, disse Costa, da Empiricus.