24/10/2024 - 7:30
O retorno real oferecido pelos títulos Tesouro IPCA+ passou dos 6,7% ao ano no início desta semana. Segundo a Economatica, muitos dos papéis são negociados perto das taxas máximas já vistas. Com opções de vencimento em 2029, 2035 ou 2045, esses títulos estão oferecendo rentabilidade acima de 6% há seis meses.
Mas será uma boa ideia comprar esses papéis nesse cenário de pessimismo econômico, em que o mercado projeta alta da inflação e da Selic ainda neste ano?
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“Sim. A gente observa uma taxa de juro real acima de 6% ou 6,5% em poucos momentos da história. É interessante porque traz uma proteção contra a inflação e adiciona um juro real bastante atrativo”, diz a analista de renda fixa da Nord Research Maria Luisa Nepomuceno.
Nepomuceno, contudo, não recomenda esse tipo de papel para todos os perfis de investidores. Isso porque são títulos híbridos e a rentabilidade oferecida na hora da compra só é garantida para quem segurar os papéis até a data de vencimento.
Quem desejar se desfazer de um título IPCA+ antes do vencimento estará sujeito à marcação a mercado, que atualiza diariamente o preço dos papéis. No caso dos IPCA+, uma piora nas expectativas para a taxa de juros faria os seus preços caírem, e o investidor que vender antes do prazo pode ter prejuízo nessa operação.
Por outro lado, se as expectativas se acalmarem e o mercado avaliar a possibilidade de que os juros não subam tanto ou que possam cair, esses títulos podem ter ganhos acima do projetado.
Por isso, a analista da Nord diz que os títulos do Tesouro IPCA+ são interessantes para investidores “com horizonte [de investimento] mais longo”, mas não os recomenda para quem “visa o curto prazo e precisa de liquidez”.
O head de renda fixa da Faz Capital, Filipe Arend discorda, em partes, desse posicionamento. Para ele, a oportunidade atual pode ser aproveitada até por investidores mais conservadores. “Um investidor conservador vai pensar, talvez, nesse título [IPCA+] com vencimento em 2029. Um investidor mais arrojado, pode pensar em um com vencimento em 2035”.
E continua: “Se um investidor tem um perfil mais arrojado, pode ser interessante não segurar até o vencimento e fazer uma venda antecipada. Se eventualmente tivermos uma perspectiva de Selic menor, esse título vai se valorizar. E quanto mais longo é o título, mais ele se valoriza quando os juros caem”.
“Qual é a lógica por trás? Quando falamos de um título de renda fixa, esse título tem um fluxo de pagamentos. E esses recebimentos que o investidor vai tendo ao longo do tempo são trazidos ao valor presente de acordo com a taxa de mercado de hoje”, conclui Arend.
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