Em franca expansão, o mercado brasileiro voltado para o fitness – desde maquinário de academias a suplementação e serviços – é o segundo maior e mais importante do mundo, segundo o fundador e CEO da marca italiana de máquinas de academia Technogym, Nerio Alessandri.

+Cristiano Ronaldo se torna primeiro bilionário do futebol

A fala vai de encontro a de outros executivos do ramo que apontam que setores como o de suplementos e nutrição tem crescido dois dígitos percentuais ano a ano e há expectativa de dobrar de tamanho em menos de uma década.

O empresário italiano aponta que o mercado brasileiro, para a companhia, fica entre as cinco geografias que mais trazem faturamento. Por aqui, a Technogym possui mais de 50% da receita vinda do estado de São Paulo.

“Nós tivemos as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Nós temos aqui [no Brasil] os melhores lugares, os melhores centros fitness, corporações, escolas, universidades, os melhores lugares. Estamos nas casas mais bonitas, somos premium no setor comercial”, afirma Alessandri em entrevista à IstoÉ Dinheiro.

Atualmente a companhia marca presença em mais de 100 países, com cerca de 55 milhões de clientes espalhados por 50 mil academias e 500 mil residências – a presença principal é nos EUA, seguida pela Europa e então o Brasil.

Precursora do wellness

Apesar da grande capilaridade, a marca defende que há uma isonomia nos seus negócios. A Technogym reivindica para si a criação do conceito de wellness – ao menos no sentido corporativo e de marca global.

Até 1980, o termo já existia no dicionário, como ‘bem-estar’, mas foi a marca italiana que passou a popularizar o termo como filosofia e estilo de vida – com valores calcados em exercício físico rotineiro, alimentação balanceada, equilíbrio mental e emocional.

“Para nós, a abordagem é global. O wellness é global, porque não é uma moda diferente para cada país, mas é baseado na fisiologia, na ciência. Nós somos um lifestyle único, é como se fossemos uma casa farmacêutica de tecnologia e vendêssemos um fármaco. É como se nós vendêssemos medicina, que se chama tecnologia”, diz Alessandri.

Divulgação/Technogym

Wellness dentro e fora das portas da Technogym

O CEO e fundador da marca destaca que o wellness também vale para os colaboradores da empresa. Atualmente 90% dos funcionários seguem um programa de exercícios e visando uma vida saudável.

“Nós fazemos o check-up em todos que trabalham com a gente no mundo inteiro. Então temos uma cultura”, defende Alessandri.

A companhia possui um programa corporativo robusto chamado de Working 4 Wellness (W4W) que cobre várias dimensões: atividade física, alimentação saudável, saúde mental, check-ups médicos.

A política possui um ginásio corporativo (T-Wellness Center) acessível aos funcionários, refeições balanceadas no restaurante da empresa (T-Restaurant) com opções saudáveis, menus adaptados, e serviço para que possam levar refeições saudáveis para casa para suas famílias (T-Take Home).

Batalha contra a ‘involução da humanidade’

Sobre os resultados recentes, o CEO aponta que a companhia ‘tem como obrigação’ manter o patamar de crescimento por conta dos pilares culturais.

“Crescer é uma obrigação, porque nós temos um projeto ‘Let’s move for a better world’. E, portanto, nós temos um compromisso social muito forte. Nós temos que combater a involução da humanidade. Nós temos de fazer grandes coisas, porque senão isso aqui seria fake, uma notícia falsa, uma informação falsa”, disse, apontando para a frase Let’s Move for a Better World estampada em um livro.

O que considera ‘involução’ é o fato de que, década após década, a raça humana tem se tornada mais sedentária – com antepassados que caminhavam mais de 25km ao dia, ao passo que atualmente diversas pessoas não percorrem 1km durante um dia inteiro.

No primeiro semestre deste ano, a companhia reportou:

  • Receita de € 459 milhões, alta de 14% na base anual
  • EBITDA ajustado de € 85 milhões, em alta de 27%
  • Lucro líquido ajustado de € 44 milhões, em alta de 34%

O crescimento operacional foi consistente em todas as regiões, com desempenho forte nas Américas e na Itália.

As ações da empresa são negociadas na faixa dos € 14 atualmente na Bolsa de valores de Milão. No ano, os papéis sobem 36%, ao passo que a alta em 12 meses supera 54%.

Qual o tamanho da companhia

A marca italiana foi fornecedora oficial de equipamentos das últimas edições dos Jogos Olímpicos, de Sydney (2000) até Paris (2024). O valor de mercado da empresa é de € 2,84 bilhões.

A empresa fabrica um ecossistema completo de equipamentos inteligentes com serviços digitais integrados e experiências de treinamento sob demanda, além de aplicativos que permitem uma experiência de treinamento personalizada a qualquer hora e em qualquer lugar.

Nerio Alessandri é um bilionário de 64 anos que fez fortuna com a companhia, a qual é fundador e CEO. Segundo o ranking da Forbes, a riqueza dela é atualmente estimada em US$ 2 bilhões.

Ele formou-se técnico em design industrial em uma escola técnica na Itália e começou a empresa ainda na garagem de casa em 1983, aos 22 anos.

Ao longo dos anos, Alessandri liderou a empresa para inovar não apenas na produção de equipamentos físicos, mas também na digitalização (software, apps, plataformas de bem-estar) e em projetos de integração wellness e design.

Com sede em Cesena, na Itália, a companhia visa combinar o design com tecnologia e oferece desde aparelhos para exercícios aeróbicos – como esteiras – até voltados para musculação e funcionais.

A companhia também possui acessórios e serviços digitais como o MyWellness Cloud, que permite treinos personalizados em academias, residências ou dispositivos móveis. A Technogym tem cerca de 2,3 mil funcionários.