25/01/2002 - 8:00
O negócio foi feito sem alarde, mas promete causar um grande impacto no mercado brasileiro de relógios. A Technos, líder há doze anos com 30% de participação, adquiriu em dezembro os direitos de fabricação no Brasil da marca japonesa Seiko, sua antiga rival. A fábrica da Technos em Manaus será a única no mundo a produzir os relógios fora do Japão. ?Vamos reconquistar o espaço perdido pela Seiko, que já foi líder no País nos anos 70 e 80?, afirma Mário Goettems, dono da Technos. A parceria é mais um passo na estratégia de internacionalização da Technos, hoje uma marca 100% nacional. No final do ano passado, começaram as exportações para o Japão. Este ano, a marca conquistará a China. A parceria com a Seiko irá contribuir para esse crescimento externo. Afinal, foram os japoneses que propuseram a associação e, mesmo assim, só assinaram a papelada após analisar minuciosamente as instalações da fábrica de 7 mil metros quadrados. Os primeiros relógios Seiko saem das máquinas em fevereiro, com componentes importados do Japão. Goettems não comenta sobre metas de venda para a marca mas conta com ela para reativar os negócios. ?Não tivemos crescimento nos últimos dois anos?, diz. Dona de um faturamento de R$ 94 milhões e com mais de 1 milhão de relógios produzidos ao ano, a Technos é hoje uma marca totalmente brasileira, mas com ancestrais suíços. Criada pela família Gunzinger em 1745, o relógio chegou ao Brasil em 1956, quando Goettems abriu uma importadora no Rio Grande do Sul. A ascensão da Seiko, que revolucionou o mercado com a tecnologia quartz na década de 70, quase inviabilizou a tradicional indústria de relojoaria suíça. Com a quebradeira de muitas marcas, os direitos da Technos foram parar nas mãos de grupos japoneses. Goettems, que à época já havia se tornado fabricante da marca no País, manteve o domínio para a América Latina. Em março de 2001, o empresário a naturalizou de vez: por US$ 1 milhão, adquiriu os direitos mundiais da Technos e hoje é seu único fabricante.