01/06/2020 - 14:22
Uma revisão da proposta oficial argentina de renegociar dívidas no valor de 66 bilhões de dólares, que inclui melhorias nas condições de pagamento aos credores, está alinhada com o objetivo de sustentabilidade da dívida do país sul-americano, estimaram técnicos do FMI nesta segunda-feira.
Poucas horas antes de um novo prazo expirar na terça-feira para aderir a uma proposta de swap feita por Buenos Aires a seus credores, um relatório técnico do FMI sustenta que sua “análise mostra que a proposta revisada de reestruturação da dívida das autoridades argentinas seria consistente com o restabelecimento da sustentabilidade da dívida”, objetivo para o qual, segundo o organismo internacional, a Argentina deve almejar.
Técnicos do FMI emitiram essa opinião depois que o governo argentino pediu que avaliassem a viabilidade de uma proposta revisada para sua dívida emitida de acordo com a lei estrangeira.
A revisão que foi apresentada na semana passada aos credores ainda não constitui uma emenda ou alteração à oferta formal que a Argentina apresentou em 16 de abril com deduções de até 62% (US$ 37,9 bilhões) em juros e 5,4% (US$ 3,6 bilhões) em capital, disse uma fonte oficial à AFP sob condição de anonimato.
O governo busca avaliar com esse mecanismo qual nível de aderência uma proposta revisada com melhorias poderia alcançar entre os credores, após a rejeição à sua oferta inicial, acrescentou a fonte.
Para ser formal, a proposta deve ser apresentada à SEC, a comissão que supervisiona a conformidade com as regulamentações do mercado de valores mobiliários nos Estados Unidos.
– “Mais algumas semanas” –
A proposta revisada contemplada pelo governo implica em uma melhoria da oferta formal em abril, com uma redução do período de carência solicitada aos credores, que passaria de três a dois anos sem pagamentos, até 2022, e pequenos aumentos no rendimento dos títulos.
Para alguns especialistas, ainda há uma distância entre as partes.
“Acho que ainda falta, que a negociação não será encerrada com esta proposta. Parece-me que as negociações ainda podem ser estendidas por algumas semanas”, disse à AFP Matías Rajnerman, economista-chefe da Ecolatina.
Adrián Yarde Buller, economista-chefe do grupo SBS, estimou que “as novas condições levantadas respondem a boa parte das reivindicações dos credores, mas ainda estão muito longe do que é necessário para um acordo”.
No entanto, os técnicos do FMI alertaram em seu relatório que a Argentina limitou as margens de negociação em sua proposta original de swap.
“A análise sugere que há apenas uma margem limitada para aumentar os pagamentos aos credores privados e, ao mesmo tempo, atingir os limites de dívida e serviço de dívida estimados pela equipe do FMI”, disse o relatório do órgão multilateral.
Em recessão desde 2018, a Argentina agora sofre o impacto da nova pandemia de coronavírus, que em março levou a uma contração de 11,5% na atividade econômica em relação ao mesmo mês de 2019.