Andando pelas “araras” da varejista americana Macy’s, o celular do consumidor não para de emitir notificações. Por cada corredor que passa, o visitante recebe promoções e novidades específicas sobre os produtos que estão ao seu lado. O mesmo acontece nas lojas da Apple, nos Estados Unidos.

Se não quer receber ajuda de um vendedor, o consumidor pode obter informações sobre o produto por meio de um celular.

Essa “conversa” virtual com o consumidor se dá por intermédio de um aparelho chamado beacon, que envia mensagens utilizando a tecnologia de comunicação Bluetooth.

A realidade americana está, aos poucos, chegando ao Brasil. “Por lá, estudos mostram que 60% das pessoas andam com o Bluetooth do celular ligado”, afirma Marcos Almeida, CEO da DNA Shopping, que implantou comunicação via Bluetooth, no Morumbi Shopping, em São Paulo. “Por aqui, esse número ainda é pequeno, mas está crescendo.”

Pesquisas de consultorias de tecnologias apontam para este avanço. Com o advento dos acessórios conectados, como os relógios inteligentes, os smartphones precisam ficar com seu Bluetooth ligado 24 horas.

De acordo com a consultoria ABI Research, 87,4% dos donos de smartphones manterão o recurso de comunicação ativado por todo o dia em 2018, contra cerca de 30% dos dias de hoje. “A tecnologia de comunicação via Bluetooth também mudou”, afirma Federico Pisani Massamormile, CEO da Hanzo. “Hoje ficar com o Bluetooth ligado quase não consome bateria do celular.”

O resultado disto é que, no futuro, quem caminhar com a tecnologia de comunicação sem fio ativada pode receber uma série de ofertas. Números da consultoria americana BI Inteligence dizem que 85% das 100 maiores redes de varejo estarão usando este tipo de comunicação em 2016.

O potencial do segmento foi notado pelo CEO da Apple, Tim Cook. No começo de 2013, ele anunciou, durante uma apresentação da empresa, a solução própria de comunicação Bluetooth da maçã. Como de costume, a companhia de Cupertino renomeou seu aparelho. Em suas lojas, a Apple usa o iBeacon.

Mas os pequenos lojistas também estão enxergando valor na tecnolgia. É o caso da loja de bolos açucarados Cupcake.ito, que fica na Vila Olímpia, em São Paulo.

Quem passa na porta do estabelecimento que fica no número 39 da rua Rua Júlio Diniz, é chamado por uma mensagem no celular, com descontos, promoções ou apenas atraindo atenção para seus produtos.

“Tivemos um exemplo recente. Lançamos um cheesecake que, apesar de ter recebido muita atenção nas redes sociais, teve uma venda abaixo do esperado”, diz Daniela Luck, proprietária da loja. “Quando ativamos as mensagens por Bluetooth sobre ele no momento em que o cliente entra na loja, a venda disparou.”

No Morumbi Shopping, a primeira iniciativa veio no Natal. Quem parava em frente aos enfeites que comemoravam o nascimento de Jesus, recebia informações sobre aquela peça, em forma de uma história lúdica. “Vimos muitos pais lendo para seus filhos o que haviam recebido no smartphone”, afirma Katia Ardito, gerente de marketing do Morumbi Shopping. “Foi uma forma não intrusiva que encontramos de familiarizar o cliente com a tecnologia.”

Para o 2015, o shopping quer intensificar a conversa com os clientes e implantar os aparelhos de comunicação via bluetooth em todos os seus corredores. “Vamos poder coletar dados de onde os clientes andam no shopping, que vitrines estão vendo, o que eles estão buscando”, diz a gerente de marketing do centro de compras. “Com o tempo poderemos até criar nosso mapa indoor, que vai funcionar como um Google Maps, mas para os corredores e lojas de nosso shopping.”