02/02/2016 - 14:58
O senador americano Ted Cruz, que chegou a ser considerado um “maluquinho” por seus companheiros do Partido Republicano, ganhou impulso na corrida à Casa Branca, após vencer as primárias de Iowa na segunda-feira.
Símbolo do movimento ultraconservador Tea Party e da direita religiosa, Cruz começou a crescer desde o início de janeiro e deu um duro golpe no milionário Donald Trump, que liderava as pesquisas nacionais pela nomeação presidencial republicana desde junho passado.
De acordo com os resultados divulgados até o momento, Cruz havia conquistado 28% dos votos republicanos, enquanto Trump recebeu 24% em Iowa, o pequeno estado rural, no centro dos Estados Unidos, que marca o momento inicial das presidenciais de novembro.
O advogado de 45 anos tem apenas três anos de experiência em Washington como senador, mas sua imagem de “rebelde” faz sucesso entre os eleitores republicanos furiosos com o “acomodado” setor do partido que evita entrar em conflito com o presidente democrata Barack Obama.
Para os políticos e eleitores do Partido Democrata, Cruz é um demagogo perigoso a quem odiar é uma tarefa fácil.
Orador exímio, o pré-candidato já enfureceu a dirigência republicana mais antiga por sua completa falta de obediência e respeito pelos líderes tradicionais.
Em seu discurso, Cruz insiste que o governo destruiu a economia, limitou as liberdades religiosas, atacou os direitos constitucionais, sufocou os americanos com impostos e ainda deseja desarmar a população.
Em setembro de 2013, tornou-se uma celebridade quando pronunciou um discurso de 21 horas de duração para bloquear o Senado e evitar que fosse discutida uma lei sobre gastos públicos, gesto que teve como consequência o fechamento do governo federal devido à falta de orçamento legalmente aprovado.
O senador veterano John McCain, candidato presidencial republicano em 2008, qualificou Cruz e outros legisladores do Tea Party como os “louquinhos da direita”.
Nascido no Canadá e criado no Texas, filho de um imigrante cubano, Cruz se formou em direito na Universidade de Harvard e, em 1996, passou a trabalhar para um juiz da Suprema Corte, William Rehnquist.
Ele se juntou à equipe legal de George W. Bush durante o caos da recontagem de votos na Flórida em 2000, ocupando altos cargos, em seguida, no Departamento de Justiça e na Comissão Federal do Comércio.
Em 2003, retornou ao Texas e foi nomeado chefe do Ministério Público, quando teve que argumentar numerosos casos ante a Suprema Corte de Washington.
Finalmente, Cruz chegou ao Senado, em 2012, apoiado pelo Tea Party, a vertente radical anti-governo e anti-impostos.
Foi assim que o filho de um imigrante cubado, que sempre se vangloriou pelo enorme apoio que tem no Texas, um estado repleto de imigrantes, tornou-se um forte opositor a qualquer medida que busque regularizar aqueles que não têm documentos.
Em 2014, atacou Obama devido a sua tentativa, que considerou uma “anistia ilegal”, de proteger milhões de imigrantes da deportação.
Na corrida interna republicana para a nomeação presidencial, Cruz passou a correr em uma rua com muito trânsito: o neurocirurgião Ben Carson, o ex-senador Rick Santorum e o governador do Arkansas Mike Huckabee também estão na busca pelo voto da direita mais dura, mas o canadense superou a todos.
No momento em que Trump decidiu elevar seu tom e baixar ainda mais o nível de suas declarações e ataques a seus adversários, Cruz foi pela contramão afirmando que não se enterraria “na lama” de uma batalha de insultos.
O milionário concentrou seus ataques nesse pré-candidato, pelo fato de haver nascido no Canadá, afirmando que não poderia ser presidente dos Estados Unidos. O ponto se converteu em uma polêmica nacional, mas Cruz assegura que é um “cidadão natural” americano.
Pouco antes da primária de Iowa, Cruz insistia na necessidade de “costurar uma maioria vencedora”, unindo os conservadores, ultraliberais e evangélicos.
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