A Transferência Eletrônica Disponível, a chamada TED, entrou definitivamente na vida dos clientes dos bancos. Uma das bases do novo Sistema de Pagamentos Brasileiro, a TED é uma operação de transferência de recursos instantânea e irreversível, que exige que o cliente tenha o dinheiro na conta no momento do processamento. No mês passado, foram registradas mais de 1 milhão dessas transações no País, um crescimento de 72% em relação a outubro. O aumento é resultado da cobrança de depósitos prévios sobre as operações envolvendo cheques e documentos de ordem de crédito (os DOCs) de valor igual ou maior que R$ 5 mil. Por determinação do Banco Central, desde novembro os bancos têm de recolher este compulsório.

Para minimizar seus gastos, os bancos criaram uma nova tarifa, cobrada sobre o valor da operação. No Itaú, o cliente que passar um DOC igual ou maior que R$ 5 mil tem de pagar uma taxa de 0,062% do valor. Para cheques, a tarifa é de 0,044%. Com a TED, não há essas cobranças. ?A sobretaxa é a melhor forma de incentivar a TED?, afirma Paulo Mallmann, superintendente da Câmara Interbancária de Pagamentos. Foi com essa filosofia que o BC estabeleceu um cronograma para a popularização da TED, que aumenta o compulsório cobrado dos bancos. Atualmente, é de 40% do valor dos cheques e de 60% dos DOCs acima de R$ 5 mil. A partir de fevereiro, o depósito prévio será de 80% do valor do cheque e de 97% do DOC além do limite. ?Com o tempo, o DOC será substituído pela TED?, diz Mallmann.

Se o DOC está com os dias contados, o mesmo não se pode dizer do cheque. ?Nem Nostradamus conseguiu prever se o cheque vai acabar?, brinca José Antonio Marciano, chefe do Departamento de Operações Bancárias e de Sistemas de Pagamento do Banco Central. A instituição, entretanto, já estuda formas para reduzir o uso de cheques no País, como a diminuição do valor mínimo da TED, hoje em R$ 5 mil. A TED, como se vê, veio mesmo para ficar.