Os iranianos se manifestaram massivamente nesta segunda-feira em Teerã, convocados pelas autoridades, para denunciar os “distúrbios” após uma onda de protestos e violência que abalou o país na semana passada.

“Esta guerra acabou”, disse o comandante em chefe da Guarda Revolucionária, o general Hussein Salami, aos manifestantes que gritavam “abaixo os Estados Unidos!”, “abaixo Israel!”.

“O golpe de graça foi dado” ao inimigo, acrescentou o oficial, que lidera o exército de elite da República Islâmica.

Uma multidão de mulheres vestindo chador (veste que cobre todo o corpo com exceção do rosto), homens com roupas civis e clérigos, jovens e não tão jovens, convergiu por diferentes acessor em direção à Praça Enghelab (“Revolução”, em persa), de acordo com jornalistas da AFP no local e imagens ao vivo transmitidas pela televisão pública.

Muitos participantes carregavam retratos do aiatolá Ali Khamenei, guia supremo da República Islâmica, de quem o general Salami elogiou as “competências”, pedindo aos iranianos que o seguissem.

Embora não tenham fornecido estimativas precisas da participação, várias agências iranianas chamaram a manifestação de “grande concentração popular”.

O governo iraniano diz que o país voltou à calma após vários dias de manifestações e violência, que eclodiram em 15 de novembro após o anúncio de um aumento no preço da gasolina.

O acesso à Internet, que as autoridades cortaram em 16 de novembro à noite em todo o país, ainda não foi totalmente restabelecido.

Segundo a Netblocks, uma organização que monitora o acesso livre à Internet em todo o mundo, a conexão foi restaurada, exceto para rede móvel.

– Os “verdadeiros” iranianos –

As autoridades iranianas registraram cinco mortes nos distúrbios, mas a Anistia Internacional observa que mais de 100 manifestantes teriam perdido a vida, enquanto a ONU afirmou temer “dezenas” de mortes.

Há vários dias, as autoridades reiteram que os protestos, em que postos de gasolina, delegacias de polícia, mesquitas e prédios públicos foram vandalizados e incendiados, são o resultado de um complô tramado no exterior.

Em seu discurso, dirigindo-se “mais uma vez aos inimigos” que são os “Estados Unidos, Reino Unido, Israel, a casa dos Saud [a família real da Arábia Saudita]”, o general Salami exclamou: “Se vocês violarem nossas linhas vermelhas, nós os destruiremos”.

Antes da manifestação, o Ministério das Relações Exteriores do Irã condenou a “interferência de países estrangeiros” na violência nas ruas.

“Recomendamos que vejam as manifestações que estão ocorrendo atualmente em nosso país, para que percebam quem são povo do nosso país”, disse Abbas Mussavi, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

No domingo à noite, um SMS foi enviado aos cidadãos, convidando-os a participar da manifestação.

A mensagem pedia ao “povo sábio e revolucionário de Teerã” que saia às ruas e condenem “os distúrbios americano-israelenses”.