O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, informou que a pasta criou uma mesa de negociação entre a fabricante de celulose Suzano e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “Em reunião com a empresa Suzano Papel e Celulose e de representantes do MST, foi retomado o diálogo. Houve uma negociação em 2011 entre as partes, que eram três empresas que foram incorporados pela Suzano, e esse diálogo foi interrompido em 2016. Criamos uma mesa de negociação que fará a sua primeira reunião em 16 de março”, disse o ministro a jornalistas, após reunião de mediação com representantes da empresa e do movimento social.

“Até lá, as partes vão revisar os termos do acordo que foi firmado para atualizá-lo. Queremos reafirmar o acordo feito em 2011 porque as partes querem cumpri-lo”, acrescentou o ministro. Teixeira não detalhou os motivos do rompimento do acordo entre empresa e movimento social em 2016.

No último dia 27 de fevereiro, o MST invadiu três áreas produtivas no extremo sul da Bahia. O movimento alega que a companhia descumpriu acordo firmado em 2011 é que as áreas são utilizadas para o mono cultivo de eucalipto.

A Suzano diz, em nota, que cumpriu sua parte no pacto, destinando 12 imóveis rurais passíveis de aquisição pelo Incra e assentamento de famílias. A empresa argumenta que o Incra concluiu a aquisição de apenas 2 das propriedades rurais. “Não aceitaremos desrespeito à Constituição, à propriedade privada e ao Estado de Direito. A discussão de tais temas durante reunião com MDA e MST, após a desocupação das áreas invadidas ilegalmente demonstra a disposição da companhia em avançar na construção conjunta de uma solução para o tema”, afirmou a empresa, em nota.

Teixeira afirmou que a Suzano reconhece as obrigações assumidas no acordo de 2011 e que irá discutir modo de ação e execução com o governo federal. “Consideramos que houve avanço no dia de hoje e que sirva de exemplo que todo tipo de conflito possa ser resolvido dessa forma. Inauguramos um processo novo de resolução de conflitos com objetivo de atender famílias que precisam ser assentadas pelos programas de reforma agrária”, disse. Segundo Teixeira, o MST desocupou ontem as áreas, que foram reintegradas pela companhia.

Teixeira voltou a refutar as invasões de terras produtivas. “Todos nós queremos paz no campo. Todos nós queremos uma solução com diálogo para resolução de eventuais conflitos. O respeito ao direito de propriedade será uma tônica desses atores aqui”, defendeu.

Além de Teixeira, participaram da reunião o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Elias; o secretário-executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da Secretaria de Relações Institucionais, Paulo Henrique Rodrigues Pereira; o secretário da Casa Civil da Bahia, Afonso Florence; o presidente interino do Incra, César Aldrighi; a diretora do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Agrários do MDA, Claudia Dadico; o vice-presidente da Suzano, Luis Bueno; o diretor-executivo jurídico da empresa, Walner Júnior; e os dirigentes do MST João Paulo Rodrigues, Evanildo Costa e Lucinéia Durãs.