14/06/2021 - 1:43
Ossie saiu para passear com seu cachorro e, também, para testemunhar um momento importante da história. Em uma rua de Tel Aviv, ela se uniu a uma multidão de israelenses para acompanhar a aprovação de um governo de oposição a Benjamin Betanyahu.
Os olhos da israelense não desgrudaram de um monitor de televisão em um bar, até que o presidente do Parlamento anunciou o resultado da votação: 60 votos a favor, 59 contrários.
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“Quase não consigo falar, um sonho que vira realidade”, afirmou Ossie. “Espero que dure ao menos um ano”.
Ao superar a votação na Knesset (Assembleia) israelense, a complexa coalizão de governo liderada pelo direitista Naftali Bennet acabou com os 12 anos de Netanyahu no poder.
Na Praça Rabin de Tel Aviv, onde manifestantes organizavam protestos há mais de um ano para pedir a saída de Netanyahu, a música tocou no volume máximo.
No mesmo local em que um extremista judeu assassinou o ex-primeiro-ministro trabalhista Yitzhak Rabin em 1995, uma máquina lança espuma na direção da multidão, que festeja sob um mar de bandeiras de Israel.
“Bibi, vai para casa”, grita um homem no palco.
Na liberal Tel Aviv, o fim da era Netanyahu é considerado um momento histórico, afirma Chen Nevo, que trabalha no setor de marketing.
“Estou um pouco emocionada, porque esperamos por este momento por muito tempo”, comenta a mulher de 49 anos, que levou os filhos pequenos para a praça.
O novo primeiro-ministro é uma figura de destaque da extrema-direita, um nacionalista religioso, cujos seguidores incluem os controversos colonos.
Apesar de considerar o governo “estranho”, Nevo afirma que confia na coalizão.
“Não sei se o governo vai durar, mas é uma mudança, e precisávamos de uma mudança”, disse ela, ao som, ao fundo, de uma versão em hebraico de “Imagine”, de John Lennon.
Rubi Sofer, de 48 anos, também levou a família para a celebração.
Ele, a esposa e as duas filhas usavam camisas com as quatro letras que simbolizam o movimento de protesto contra Netanyahu e que virou algo constante na vida política israelense a cada sábado do último ano, com o lema “Saia”.
“Nós não gostamos de Bibi de jeito nenhum”, comenta Sofer, que afirma ter participado dos protestos a cada fim de semana nos últimos dez meses.
Embora reconheça que Bennett não é o substituto de seus sonhos, este trabalhador da construção civil afirma que “para ganhar uma luta, às vezes você perde pequenas batalhas”.
“A sociedade israelense precisa de uma cura” conclui.