Um grupo internacional de astrônomos identificou quatro galáxias que podem ser as mais antigas já detectadas. As imagens foram capturadas pelo telescópio espacial James Webb nos primeiros meses de suas operações, iniciadas em julho deste ano, e revelam estruturas tão antigas quanto o próprio Universo.

Como mostra o site de notícias científicas Space, as galáxias foram detectadas entre centenas de conglomerados estelares encontrados em imagens da câmera de espectro infravermelho Near Infrared Camera (NIRCam), instalada no telescópio. Mas os cientistas só foram capazes de confirmar que esses objetos eram realmente tão antigos quanto pareciam depois de observá-los em detalhes com o espectrógrafo (separa a luz em comprimentos de onda), que revelou a composição química e a velocidade com que essas galáxias estavam se afastando do James Webb.

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Os astrônomos agora sabem que a luz das quatro galáxias levou mais de 13,4 bilhões de anos para chegar até o telescópio. Mais precisamente, de acordo com o site especializado, os corpos celestes se formaram apenas 350 milhões de anos após o Big Bang, quando o universo tinha só 2% de sua idade atual, embora as galáxias devam ter começado a se formar bem antes.

“Essas [galáxias] estão muito além do que poderíamos imaginar encontrar antes do James Webb”, comenta o astrofísico Brant Robertson, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, um dos pesquisadores envolvidos nas observações, citado pelo Space. “Com o James Webb, pela primeira vez podemos encontrar galáxias tão distantes e confirmar espectroscopicamente que elas realmente estão muito longe”, completa.

Para confirmar que as galáxias realmente eram tão antigas quanto pareciam, os astrônomos precisaram usar o chamado desvio para o vermelho (redshift, em inglês) a partir dos dados do NIRSpec (aparelho instalado no telescópio). O redshift faz com que os objetos que estão se afastando de nós pareçam ser mais vermelhos, como resultado da expansão do Universo, que faz com que a luz emitida por estrelas e galáxias distantes sejam distorcidas de tal forma a atingir comprimentos de onda próximos ao espectro vermelho.

A estrutura mais distante detectada pelo James Webb exibia um desvio para o vermelho de 13,2, o que corresponde a uma idade de cerca de 13,5 bilhões de anos – um recorde histórico.

“No redshift 13, o universo tem apenas cerca de 325 milhões de anos”, explica Brant Robertson ao site especializado.

As observações atuais foram fruto de uma colaboração internacional de mais de 80 astrônomos, chamada James Webb Space Telescope Advanced Deep Extragalactic Survey (JADES). Agora, de acordo com o Space, os astrônomos querem observar estrelas individuais nessas galáxias, algumas das quais podem ter nascido até 100 milhões de anos antes do redshift recém-identificado.

Os resultados serão apresentados nesta segunda (12/12) em uma conferência do Space Telescope Science Institute, em Baltimore, nos EUA.