O presidente Michel Temer deve nomear a primeira mulher para o primeiro escalão do governo. Grace Maria Fernandes Mendonça é a mais cotada para assumir a Advocacia-Geral da União, no lugar de Fábio Medina Osório, cuja demissão foi definida depois de embates sucessivos com o titular da Casa Civil, Eliseu Padilha, e pode ocorrer ainda nesta sexta-feira.

Grace Mendonça é funcionária de carreira da AGU e responsável pelo acompanhamento das ações no Supremo Tribunal Federal, onde tem bom trânsito. Está, inclusive, acostumada a fazer sustentações orais na corte.

Desde que foi nomeado, ainda na interinidade de Temer, Osório colecionou desavenças com Padilha — ironicamente um dos responsáveis por endossar sua nomeação.

Um dos fatores de desgaste do advogado-geral foi o imbroglio da troca de comando na EBC (Empresa Brasil de Comunicação). Foi dele o parecer segundo o qual era possível destituir Ricardo Melo, nomeado por Dilma Rousseff, mas que era detentor de mandato à frente da empresa, e nomear o também jornalista Laerte Rímoli.

O ministro José Antonio Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), concedeu liminar desfazendo a troca e a novela só se encerrou nesta semana, graças a uma medida provisória que alterou as regras de mandato na EBC.

Caso bata o martelo na nomeação de Grace, Temer tenta esvaziar uma das principais críticas feitas a sua equipe: a ausência de mulheres em postos de primeiro escalão. Até agora, quando questionado, o presidente se esquivava. Dizia que a questão de gênero não era essencial e que mulheres ocupavam postos muito importantes no governo, como a presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos.