O ambiente adverso no exterior em meio à cautela dos agentes em relação à guerra comercial promovida pelos Estados Unidos pesa no Ibovespa nesta segunda-feira, 10, a despeito da queda dos juros futuros. A semana também impõe parcimônia, dada a agenda de indicadores com força para mexer com os ativos. No Brasil, será divulgado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro enquanto nos Estados Unidos sairá a inflação medida pelo CPI.

“Estamos vendo um dólar global mais fraco, o que provavelmente ajuda o real a despeito do ambiente de aversão ao risco nos mercados de ação e juros nos Estados Unidos”, pontua o economista-chefe da Porto Asset, Felipe Sichel.

As incertezas sobre os efeitos da imposição de tarifas a alguns produtos do Canadá, México, China e Brasil na economia mundial provocam quedas de mais de 1,00% nos índices acionários americanos e europeus. Além destes temores, a desinflação chinesa preocupa apesar das tentativas do governo em estimular a economia local.

Segundo avalia o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, o noticiário segue apontando para as incertezas trazidas pela política comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Apesar de Trump ter recuado em algumas frentes (como o adiamento de tarifas contra México e Canadá), sua postura geral continua agressiva”, opina em nota.

As preocupações com os efeitos das políticas tarifárias americanas na economia mundial elevam cautela nos mercados. “Também tem o comentário do Trump dizendo que pode ter recessão nos EUA e que isso não incomodaria”, cita Bruno Takeo, estrategista da Potenza, ao referir-se à entrevista do dirigente que ocorreu na quinta-feira, na Casa Branca, mas que só foi exibida ontem pela Fox News.

Em meio a este quadro incerto e ao recuo de 0,71% do minério de ferro no fechamento hoje em Dalian, as ações da Vale caem quase 1,50% e contaminam todos os papéis ligados ao setor de metais na B3. Petrobras também recua perto de 1,50%, com o petróleo virando para o negativo perto das 11 horas.

Enquanto a agenda de indicadores está menos robusta, os investidores avaliam nesta segunda as projeções no boletim Focus. Algumas expectativas podem atenuar este clima cauteloso internacional como a redução na estimativa suavizada do IPCA 12 meses à frente, que passou de 5,49% para 5,30%, mas ainda acima do teto da meta de 4,50%. Ainda que seja uma taxa elevada, pode diminuir a possibilidade de uma Selic alta por mais tempo do que o imaginado pelo mercado. No Focus, a projeção para o juro básico ao final do ciclo prosseguiu em 15,00% ao ano.

Contudo, o cenário ainda é duvidoso. Para a XP Investimentos, apesar do câmbio menos pressionado e da atividade mais fraca, a expectativa é de Selic em 15,50% em junho. Se a desaceleração se intensificar, o Comitê de Política Monetária (Copom) poderá optar por interromper a alta de juros antes do previsto, cita em relatório divulgado nesta manhã. “Dito isso, não vemos a inflação próxima da meta no horizonte de projeção.”

Nesta segunda, a XP reduziu sua projeção para o IPCA deste ano, de 6,1% para 6,0%. Para o câmbio deste ano, a estimativa passou de R$ 6,20 para R$ 6,00 e saiu de R$ 6,40 para R$ 6,20 para 2026.

Na sexta-feira, 7, o Ibovespa fechou com alta de 1,36%, aos 125.034,63 pontos.

Às 11h, o Índice Bovespa caía 0,90%, aos 123.912,54 pontos, vindo de abertura aos 125.031,30 pontos e máxima aos 123.907,54 pontos, ambas as pontuações com variações zero.