O Ibovespa opera com instabilidade, em sintonia com as bolsas de Nova York na manhã desta terça-feira, 21, dadas as incertezas com a política monetária dos Estados Unidos. Internamente, segue crescente a possibilidade de uma taxa básica de dois dígitos no final de 2024.

A agenda esvaziada de indicadores desta terça-feira também entra como reforço à moderação do Índice Bovespa, assim como o sinal divergente das commodities e a espera da análise da indicação de Magda Chambriard à presidência da Petrobrás.

Às 11h20 desta terça, subia 0,06%, aos 127.830 pontos, variando apenas 859 pontos entre a mínima (127.412,78 pontos) e máxima (128.271,87 pontos). Na véspera, a Bolsa fechou em queda de 0,31%, aos 127.750 pontos. No mês, o Ibovespa ainda tem alta de 1,45%, mas no ano a perda chega a quase 5%. Veja cotações.

“Há discursos de dirigentes do Fed e amanhã (quarta-feira) tem a ata, que é meio retrovisor”, menciona Ana Luiza Gnattali, sócia responsável pela área de renda variável da Legend Investimentos.

Deste modo, a liquidez deve seguir estreita nos principais mercados, destaca em comentário Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil.

Em meio a temores de que os juros americanos ficarão elevados por mais tempo do que o imaginado, o petróleo cai perto de 0,80%. Em contrapartida, o minério de ferro subiu 1,68% na bolsa de Dalian, a US$ 125,49 a tonelada, ajudando as ações da Vale a subirem 0,686, por volta das 11h20. Petrobras PN avançava 0,24% e ON cedia 0,21%.

Os investidores adotam certa cautela, à espera de sinais da política monetária americana que poderão vir de discursos de vários dirigentes do Federal Reserve (Fed) ao longo do dia.

Mais cedo, o diretor do Fed, Christopher Waller, descartou novas altas dos juros no país e ressaltou que há indicação de arrefecimento da inflação. Já o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, adotou um tom mais cauteloso, ao indicar que é preciso parcimônia para se decidir cortar os juros. Ainda hoje, mais dirigentes do Fed farão discursos.

Os investidores seguem ecoando falas de membros do banco central americano que têm reforçado incertezas com a inflação nos Estados Unidos, apesar de ter havido arrefecimento, mas não a ponto de permitir queda do juro básico, ressalta Gnattali, da Legend. “A temporada de balanços foi boa, e o resultado da Nvidia, amanhã, deve vir bom. Agora, o mercado volta a focar na política monetária”, diz.

Mercado prevê Selic mantida em dois dígitos

As incertezas com o juro básico no Brasil também ficam no foco, à medida que cresce a possibilidade de a taxa Selic terminar o ano em dois dígitos. Nesta segunda-feira, 20, o boletim Focus e analistas que participaram de reunião com diretores do Banco Central, no Rio, foram nessa direção, dado o crescimento das expectativas de inflação.

O mercado trabalha com o cenário de que a Selic irá parar de cair já na próxima reunião de política monetária em junho, com a taxa básica permanecendo em 10,50% ao ano. Segundo o Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS), 67,3% dos investidores da B3 acreditam que não haverá corte na próxima reunião, contra 43,1% na semana anterior

Para a Genial Investimentos, o cenário atual desfavorece novas quedas da Selic, que atualmente está em 10,50%. “Com a desancoragem das expectativas de inflação, incertezas em torno do início da flexibilização de juros nos EUA, deterioração do risco fiscal e elevação do risco de interferência política no Copom, avaliamos que o Banco Central se encontra em uma posição desfavorável para novos cortes de juros”, cita em relatório.

Na opinião da Genial, na ausência de direcionadores que façam as expectativas recuarem, o BC anunciará o fim do ciclo de corte de juros, de modo que a Selic permanecerá em 10,50% ao ano na reunião de junho.