Depois de uma estréia fraca, em uma sexta-feira imprensada entre o feriado do Ano Novo e o fim de semana, os mercados mundiais iniciaram seus negócios nesta segunda-feira 5 desabando.

As bolsas na Europa e na América Latina colecionam baixas e mesmo os pregões americanos perderam o gás para novas altas. No Brasil, o Índice Bovespa está encerrando a manhã com queda de 2,2%, e o dólar sobe 0,5%, para R$ 2,71, maior cotação desde o início de dezembro passado.

A justificativa para o mau humor logo no início do ano vem de longe, mais especificamente da Grécia. A campanha eleitoral, com eleições marcadas para o dia 25 de janeiro, começou com um tiroteio verbal de parte a parte.

O primeiro-ministro grego Antonis Samaras disse, na noite da sexta-feira 2, que uma vitória da oposição poderia levar a Grécia a abandonar o euro e a sair da união monetária europeia. Já Alexis Tsipras, líder do principal partido de oposição, o Syriza, anunciou que, se vitorioso, seu partido iria encerrar a austeridade imposta pela Alemanha. As pesquisas mostram que os eleitores gregos preferem a oposição.

Para aumentar a temperatura, a revista alemã Der Spiegel publicou, no fim de semana, a informação que a primeira-ministra alemã Ângela Merkel está “pronta para aceitar” uma saída da Grécia do euro.

A Grécia é um país pequeno, geográfica e economicamente. Por que a eleição em um país sem importância afeta tanto os mercados? O que os investidores temem é o precedente que seria criado. A saída da Grécia poderia justificar que qualquer país em dificuldade – Portugal, Irlanda, Espanha, e mesmo a Itália – deixasse a moeda única europeia.

Uma evasão do euro comprometeria ainda mais a recuperação econômica do continente e teria impactos difíceis de calcular sobre o Leste Europeu e a Rússia. Na dúvida, a ordem é correr para títulos do Tesouro americanos e outros ativos menos contaminados pelos problemas europeus.