17/08/2021 - 10:10
Por Laura Gottesdiener e Ricardo Arduengo
LES CAYES, Haiti (Reuters) – Chuvas pesadas atingiram o Haiti na noite de segunda-feira, complicando os esforços de resgate, encharcando milhares de pessoas que foram desabrigadas por um terremoto devastador que matou ao menos 1.419 e diminuindo a esperança de se encontrar sobreviventes.
A depressão tropical Grace se abateu sobre as regiões do sudoeste haitiano mais assoladas pelo tremor de magnitude 7,2 de sábado, atingindo cidades arrasadas com ventos fortes e chuvas torrenciais e causando inundação em ao menos uma área.
O terremoto derrubou dezenas de milhares de edifícios do país mais pobre das Américas, que ainda se recupera de um grande sismo de 11 anos atrás que matou mais de 200 mil pessoas.
O desastre mais recente veio pouco mais de um mês depois de o Haiti mergulhar em uma crise política devido ao assassinato do presidente Jovenel Moise no dia 7 de julho.
Vários hospitais grandes foram gravemente danificados, dificultando a assistência humanitária, assim como os pontos centrais de muitas comunidades devastadas, como igrejas e escolas.
Ainda na segunda-feira, autoridades haitianas disseram que 1.419 mortes foram confirmadas, e cerca de 6.900 pessoas ficaram feridas.
Enquanto a esperança de se encontrar um número significativo de sobreviventes entre os escombros diminuía, a tempestade prejudicou os agentes de resgate na cidade litorânea de Les Cayes, que está localizada cerca de 150 quilômetros a oeste da capital Porto Príncipe e foi a que mais sofreu com o tremor.
Prevê-se que a tempestade despejará até 38 centímetros de chuva em partes do Haiti, criando o risco de marés de tempestade, de acordo com o Centro Nacional de Furações dos Estados Unidos (NHC).
Agentes de resgate de todo o Haiti estavam escavando os destroços ao lado dos moradores na noite de segunda-feira para tentar resgatar corpos, mas poucos expressavam esperança de encontrar alguém vivo. Um odor de poeira e corpos em decomposição permeava o ar.
“Viemos de todas as partes para ajudar: do norte, de Porto Príncipe, de todos os lugares”, disse Maria Fleurant, bombeiro do norte haitiano.
Enquanto as chuvas intensas chegavam, agentes de emergência retiraram um travesseiro manchado de sangue dos escombros, seguido pelo corpo de um menino de três anos que parece ter morrido dormindo durante o tremor.
Pouco depois, os agentes partiram devido à intensificação da chuva.
(Reportagem adicional de Herbert Villarraga e Robenson Sanon em Les Cayes)