A Tenda, uma das maiores construtoras do País, com foco no Minha Casa Minha Vida (MCMV), teve lucro líquido consolidado de R$ 4,4 milhões no primeiro trimestre de 2024. O resultado representa uma reversão frente ao prejuízo de R$ 41,9 milhões no mesmo período de 2023.

Este é o primeiro balanço da Tenda no azul desde o terceiro trimestre de 2021, quando a companhia identificou uma série de estouros em orçamentos de obras que geraram prejuízos desde então.

Neste início de ano, a divisão Tenda (obras em formas de concreto) teve um lucro de R$ 19,9 milhões. Já a Alea (novo negócio, baseado em estruturas pré-moldadas de madeira) gerou prejuízo de R$ 15,4 milhões.

O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado e consolidado somou R$ 84,6 milhões, alta de 60,4% na comparação anual. A margem Ebitda ajustado cresceu 3,2 p.p., para 11,4%.

A receita líquida consolidada atingiu R$ 744,9 milhões, expansão de 14,4% na mesma base de comparação anual, impulsionada pelo aumento das vendas de imóveis e das obras nos últimos trimestres.

As despesas comerciais, gerais e administrativas consolidadas alcançaram R$ 118,2 milhões, alta de 38,8%.

A margem bruta ajustada e consolidada foi a 26,9%, ganho de 4,1 p.p.na comparação anual. A divisão Tenda teve margem bruta ajustada de 28,5%, alta de 3,7 p.p, e a A divisão Alea chegou a 6,5%, primeira no campo positivo. A Alea tem tido sucesso em reduzir o custo de produção, conforme planejado.

O resultado financeiro (saldo entre receitas e despesas financeiras) gerou uma despesa de R$ 53,6 milhões, patamar estável.

O balanço da Tenda também foi influenciado por diversos itens classificados como não recorrentes. A construtora reportou R$ 29,7 milhões referente a uma provisão extra para devedores duvidosos.

Segundo a empresa, um problema na troca do sistema de cobranças na virada do ano comprometeu o envio de boletos e os processos de renegociação de dívidas em andamento. Isso deixou os clientes em situação de inadimplência e gerou a necessidade de provisão no balanço. A situação foi normalizada em abril, segundo a construtora.

A Tenda também apurou ganho de R$ 15,2 milhões decorrente da reversão do imposto diferido do Regime Especial de Tributação (RET), cuja alíquota caiu de 4% para 1% neste começo de ano.

Além disso, a companhia ainda reportou um efeito positivo de R$ 23,5 milhões com reversões de contingências e perda de R$ 16,7 milhões com o swap de instrumentos financeiros. Excluindo todos esses efeitos, a Tenda chegou a um lucro recorrente de R$ 27,7 milhões (sem contar Alea).

A dívida líquida do grupo no fim do primeiro trimestre foi a R$ 353,8 milhões, redução de 53,1% na comparação anual. A alavancagem (medida pela relação entre dívida líquida e patrimônio líquido) diminuiu 72,1 p.p., para 39,5%.

“Tivemos bastante notícias positivas, e o lucro acabou vindo até antes do esperado”, afirmou o diretor financeiro e de relações com investidores, Luiz Maurício Garcia. “Foi um pouquinho de cada coisa que ajudou no lucro”, citou.

Entre os aspectos positivos, ele citou a entrada em vigor do RET 1, a diminuição de custos de produção da Alea e a continuidade dos ajustes nas operações implementados nos últimos trimestres.

O diretor da Tenda reafirmou que a demanda em todas as faixas do programa MCMV segue muito forte, o que dá uma percepção otimista para o restante do ano.

Operacional

Conforme já divulgado em relatório operacional prévio, o grupo teve um total de 13 lançamentos, com valor geral de vendas (VGV) de R$ 759,9 milhões no primeiro trimestre de 2024, montante 54,8% maior na comparação com o mesmo período de 2023.

A marca Tenda foi responsável por nove lançamentos, com VGV de R$ 675,4 milhões, enquanto a marca Alea teve quatro lançamentos, com VGV de R$ 84,5 milhões. O preço médio dos lançamentos foi de R$ 213,6 mil, avanço de 13,2% em um ano.

As vendas líquidas consolidadas do grupo foram de R$ 964,8 milhões no primeiro trimestre de 2024, crescimento de 57,9% na comparação anual. A marca Tenda gerou R$ 884,1 milhões das vendas, enquanto a marca Alea respondeu por R$ 80,7 milhões.