20/02/2023 - 14:24
Um estudo publicado nesta segunda-feira (20) na revista Nature Medicine informou que um terceiro paciente com HIV conseguiu ser curado após um transplante de células-tronco e que não há mais em seu organismo nenhum traço do vírus da Aids.
Antes do caso deste “paciente de Düsseldorf” (oeste da Alemanha), outras duas pessoas com HIV haviam sido curadas, a primeira delas em Berlim em 2009 e a segunda em Londres em 2019.
De acordo com o consórcio internacional IciStem, o novo paciente havia recebido um transplante de células-tronco como parte do tratamento para leucemia. Após essa cirurgia, ele conseguiu interromper o tratamento que fazia contra o HIV.
Nas análises que fizeram, não encontraram nem vestígio de partículas virais, reservas virais ou resposta imune contra o vírus.
Os três que conseguiram a cura definitiva da Aids têm o mesmo ponto em comum: sofriam de câncer no sangue e por isso foram tratados com um transplante de células-tronco, que renovou profundamente seu sistema imunológico.
Nos três casos, o doador apresentava uma rara mutação no gene CCR5, uma alteração genética que impede o HIV de entrar nas células.
“Durante um transplante de medula óssea, as células do sistema imune do paciente são integralmente substituídas por células do doador, o que permite eliminar a grande maioria das células infectadas”, explica o virologista Asier Sáez-Cirion, um dos autores do estudo, em comunicado.
“Trata-se de uma situação excepcional quando todos esses fatores coincidem para que este transplante seja um duplo sucesso, tanto para a cura da leucemia quanto do HIV”, acrescenta.
Como menos de 1% da população normalmente se beneficia da mutação genética protetora do HIV, ela está em poucos doadores de células-tronco.
Embora esses casos dêem aos cientistas a esperança de encontrar uma cura para a Aids, o transplante de células-tronco é um tratamento arriscado e que não se adapta à situação da maioria das pessoas com HIV.