31/03/2022 - 17:25
Brasil, Colômbia, México e Peru não conseguirão cumprir suas metas climáticas para 2030 a não ser que protejam as terras das comunidades indígenas, concluiu um relatório apresentado nesta quinta-feira (31) após a análise dos quatro países com as maiores extensões de floresta amazônica.
Para cumprir a meta do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C, a comunidade internacional deve levar em conta os povos indígenas e as comunidades locais, afirma o documento elaborado pelo Instituto de Recursos Mundiais (WRI, na sigla em inglês) e o Climate Focus.
No Brasil, Colômbia, México e Peru, as terras indígenas e de outras comunidades locais “capturam mais que o dobro das não indígenas”, apontam.
Além disso, 92% dessas terras servem como sumidouros (armazenam mais carbono que emitem) devido a suas práticas tradicionais e sustentáveis, além do fato de que em grande parte são florestas virgens.
Os autores estimam que se não forem aplicadas medidas para proteger essas terras “serão necessárias ações drásticas praticamente impossíveis em outros setores”.
O Brasil e a Colômbia, por exemplo, teriam que eliminar 80% de sua frota de veículos para “compensar a perda de apenas metade dos serviços de captura de carbono proporcionados pelas florestas que estão nas mãos dos povos indígenas e comunidades locais”.
O Peru, por sua vez, para conseguir isso, teria que aposentar toda sua frota e o México, 35%.
Nos quatro países, essas terras estão sob ameaça constante da criação de gado, da mineração e da atividade madeireira, que muitas vezes são ilegais e estão ligadas à corrupção e ao conluio entre governos e agentes ilegais, denuncia o estudo.
Os autores instam os governos a acelerar a titulação e garantir que as comunidades indígenas e locais tenham plenos direitos sobre a terra que possuem, assim como respeitar seu direito “ao consentimento livre, prévio e informado” antes de realizar projetos em seus territórios.
Todos esses países deixam a desejar na hora de considerar essas terras em suas Contribuições Determinadas em Nível Nacional (NDC, na sigla em inglês), ou seja, em seus planos para reduzir as emissões de gases do efeito estufa em função da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CMNUCC).