01/09/2025 - 5:43
Tremor de magnitude 6 e várias réplicas atingem sobretudo províncias de Kunar e Nangarhar, na fronteira com o Paquistão, e deixa ainda cerca de 2 mil feridos.Mais de 600 pessoas morreram e cerca de 2 mil ficaram feridas depois que um forte terremoto de 6 graus de magnitude e várias réplicas atingiram o leste do Afeganistão na noite deste domingo (31/08), disseram autoridades locais nesta segunda-feira.
Os terremotos foram sentidos com força nas províncias orientais de Kunar, Nangarhar, Nuristão e Laghman, e os tremores também atingiram a capital, Cabul.
Ao menos 610 pessoas morreram em Kunar, e 12, em Nangarhar, disseram autoridades locais. Equipes militares de resgate se espalharam pelas duas províncias, comunicou o Ministério da Defesa do governo do Talibã, acrescentando que 40 voos transportaram 420 feridos e mortos.
O Afeganistão é propenso a terremotos mortais, especialmente na cordilheira Hindu Kush, onde as placas tectônicas da Índia e da Eurásia se encontram. Mais de 1.500 pessoas morreram numa série de terremotos em 7 de outubro de 2023, segundo a ONU. O Talibã relatou até 2.500 mortes na época. Em junho de 2022, tremores de magnitude 6.1 mataram ao menos mil pessoas.
Epicentro em Nangarhar
O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) localizou o epicentro do sismo principal, de 6 graus de magnitude, a 42 quilômetros de Jalalabad, capital da província de Nangarhar, e a uma profundidade de oito quilômetros, o que geralmente amplifica o poder de destruição.
O tremor inicial, registrado às 23h47 de domingo (horário local, 16h17 de Brasília), foi seguido por ao menos duas réplicas de magnitude 5.2.
Resgates em andamento
As equipes de resgate trabalham desde o início da manhã para localizar sobreviventes entre os escombros, embora as operações sejam dificultadas por deslizamentos de terra que bloquearam estradas importantes em Kunar e Nuristão.
Nesta segunda-feira, helicópteros transportavam feridos para um hospital após eles serem retirados dos escombros. As autoridades temem que o balanço de vítimas aumente à medida que áreas mais remotas sejam acessadas.
As equipes de resgate lutavam para encontrar sobreviventes na área que faz fronteira com a região de Khyber Pakhtunkhwa, no Paquistão, onde casas de barro foram arrasadas pelo terremoto. Os tremores foram sentidos também no país vizinho, incluindo a capital, Islamabad.
A missão das Nações Unidas no país mobilizou pessoal para prestar “assistência de emergência e apoio vital”, enquanto o Crescente Vermelho afegão já enviou equipes médicas para Kunar, a província mais afetada.
Kunar é uma região remota na fronteira com o Paquistão, aninhada nos vales da cordilheira Hindu Kush, cuja população vive principalmente em casas precárias de barro e palha, extremamente vulneráveis a sismos.
Esta fragilidade estrutural, somada a décadas de conflito e à falta de infraestruturas, ampliou o impacto do desastre.
O Talibã reconheceu a magnitude do desastre. “Infelizmente, o terremoto desta noite causou mortes e danos materiais em algumas de nossas províncias orientais”, escreveu o porta-voz Zabihullah Mujahid na rede social X.
“Funcionários locais e moradores estão atualmente envolvidos em esforços de resgate. Equipes de apoio do centro e de províncias vizinhas também estão a caminho, e todos os recursos disponíveis serão usados para salvar vidas”, acrescentou.
“Todas as nossas equipes foram mobilizadas para acelerar a assistência, para que possamos fornecer apoio abrangente e completo”, comunicou o Ministério do Interior afegão, controlado pelo Talibã, à agência de notícias Reuters, citando esforços em áreas que vão da segurança à alimentação e saúde.
Em Cabul, autoridades de saúde disseram que equipes de resgate corriam para chegar a vilarejos remotos espalhados por uma área com um longo histórico de terremotos e inundações.
Em Nuristão, as autoridades confirmaram que os moradores sentiram fortes tremores, mas garantiram que até o momento não foram relatadas vítimas ou danos materiais.
“Fortes tremores também foram sentidos na província, mas até agora não há relatos de perdas humanas ou materiais”, disse o diretor de Informação e Cultura de Nuristão à agência de notícias Efe.
A província de Kunar, a mais afetada, está localizada na fronteira com o Paquistão, na cordilheira Hindu Kush. A precariedade das estradas e o acesso quase inexistente às comunicações nas áreas rurais dificultam a avaliação dos danos e a coordenação da ajuda.
as/bl (Efe, Reuters, Lusa, ARD)