O Tesouro Nacional captou nesta segunda, 22, US$ 4,5 bilhões com a emissão de bônus no mercado internacional. Foi a maior oferta feita pelo País em um só dia de forma “pura”, sem incluir trocas de títulos. A oferta alcançou demanda total de US$ 14 bilhões, segundo pessoas do governo e do mercado que acompanharam a operação.

Captação similar só tinha ocorrido em julho de 2005, quando o País lançou o equivalente a US$ 4,5 bilhões em papéis. Apesar do valor ser igual, os A-Bonds 2018 emitidos naquela ocasião fizeram parte de uma oferta de troca de títulos. Em 2019, o governo faria outra emissão de títulos de 30 anos, com os quais levantou US$ 2,5 bilhões.

Ontem, o Tesouro realizou a emissão de bônus em dólares com benchmark (referência) de dez e 30 anos no mercado internacional, com vencimentos em 2034 e 2054. A demanda ficou distribuída em partes iguais entre os dois prazos: foram captados US$ 2,25 bilhões em bonds de dez anos, à taxa de 6,35%; e um valor idêntico em papéis de 30 anos, cuja taxa ficou em 7,15%.

Liquidez

Em razão da forte demanda, ambos os papéis ficaram abaixo do chamado Initial Price Thought (IPT), a primeira referência de taxas fixada para testar o interesse dos investidores, que foi de 6,625% e 7,500%, respectivamente.

Somente com a operação de ontem, o Tesouro superou o montante captado nas duas emissões externas que realizou no ano passado. Em novembro, na última emissão soberana do Brasil, de títulos verdes de sete anos, foram captados US$ 2 bilhões a 6,50% ao ano. Em abril, quando os juros ainda subiam na economia mundial, o Tesouro captou US$ 2,25 bilhões em títulos de dez anos, com taxa de 6,15%.

A operação de ontem foi liderada pelos bancos Citigroup, Scotiabank e UBS Investment Bank. “O objetivo da operação é dar continuidade à estratégia do Tesouro Nacional de promover a liquidez da curva de juros soberana em dólar no mercado externo, provendo referência para o setor corporativo, e antecipar financiamento de vencimentos em moeda estrangeira”, destacou o Tesouro, em comunicado.

Há no mercado a expectativa de que novas emissões ocorram ainda este ano, inclusive uma segunda rodada de títulos sustentáveis. Esses papéis com “pegada ambiental e social”, emitidos pela primeira vez em novembro, foram considerados um “sucesso” porque as taxas obtidas com a operação ficaram muito próximas das alcançadas por países que são classificados como grau de investimento. O Tesouro se prepara para fazer uma nova captação deste tipo a partir de maio.

A primeira incursão bem sucedida do Tesouro no mercado internacional neste ano deve dar a largada também para uma série de captações externas por empresas nacionais, entre elas a Cosan.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.