11/06/2010 - 6:00
Ouça um resumo da reportagem “Tesouro de Rioja”
De longe, a construção destoa da paisagem de vinhedos, galpões e prédios antigos. Estamos no coração de Rioja Alavesa, no País Basco, no norte da Espanha. Desde setembro de 2006, o hotel Marqués de Riscal ? obra do arquiteto Frank Gehry ? é parte deste cenário, ainda que tenha a aparência radicalmente oposta a todo o seu entorno campestre.
A construção de Gehry ? que também é autor do museu Guggenheim de Bilbao ? tem linhas futuristas e desenho superelaborado, com telhado de titânio em forma de ondas. O lugar leva a marca The Luxury Collection Hotel, que, por sua vez, faz parte da Starwood Hotels & Resorts.
Por dentro, oferece um ambiente sofisticado e um serviço atencioso que tentam colocar o pequeno vilarejo de Elciego, onde está localizado, no mapa do luxo mundial. Em 2009, o Marqués de Riscal recebeu o título de melhor hotel não urbano da Espanha, concedido pela Condé Nast Traveler, uma respeitada publicação de turismo de luxo. Ele também faz parte da ?It List? da renomada revista Travel & Leisure. Com a chegada do mês de junho, o hotel se prepara para a sua temporada mais agitada do ano, que segue até agosto.
O presente e o passado: equipamentos de última geração da bodega San Vicente e a “Catedral”,
adega que abriga mais de 170 mil garrafas de vinho que fazem parte do acervo da vinícola
O fato de o hotel ficar fora da parte mais turística da região de Rioja é visto como vantagem competitiva por seu diretor de marketing, Pedro Mateus. ?O Marqués é um local exclusivo. São apenas 43 quartos, todos sofisticados, com os melhores serviços e com diárias que podem chegar a 900 euros. Com isso, criamos um destino de luxo?, diz Mateus.
?A primeira reação de quem chega ao lugar é sempre de admiração, mesmo entre o público mais conservador. Temos uma elegância que encanta pessoas de qualquer idade.? Além de conhecer a Ciudad Del Vino e participar de degustações, os clientes do Marqués de Riscal também podem praticar balonismo pela região ou fazer uma pequena incursão de compras na cidade de Bilbao, entre outras atividades oferecidas pelo hotel. ?Nosso próximo passo é criar ações ligadas à moda, uma vez que o hotel pode muito bem servir como cenário para grandes desfiles?, adianta o executivo.
Acomodação requintada: detalhe de uma das suítes desenhadas por Frank Gehry
A parte gastronômica do hotel também foi planejada com cuidado. São dois restaurantes, o Bistro 1860 e o Marqués de Riscal, ambos com cardápio elaborado pelo chef Francis Paniego. O chef foi o primeiro da região de Rioja a ganhar uma estrela no Guia Michelin, pelo seu trabalho no restaurante Echaurren.
Para o consultor de varejo Luiz Alberto Marinho, sócio da BrandWorks, a Marqués de Riscal já é uma marca de luxo. ?Ela tem história, que é um dos principais atributos de uma marca premium?, afirma Marinho. Além disso, o hotel ganha pontos por associar-se ao mundo do vinho, que é muito sedutor. ?E o consumidor gosta desse algo mais.? Segundo Marinho, o que falta ao hotel agora é tornar-se mais conhecido no Brasil.
O Marqués de Riscal leva o nome da vinícola fundada em 1858. O hotel faz parte do complexo Ciudad Del Vino, composto pela antiga vinícola Herederos de Marqués de Riscal, a mais antiga de Rioja e a primeira da região a fazer vinhos utilizando o mesmo sistema que Bordeaux, na França. É aí que a empresa mantém a ?Catedral?, uma adega que começou a ser composta no século XIX e hoje abriga mais de 170 mil garrafas de vinhos, todos produzidos pela vinícola.
Também dentro da Ciudad Del Vino estão o Spa Caudalie ? especializado em vinhoterapia ?, um centro de convenções e um espaço para exposições. O complexo também abriga uma bodega mais moderna, a San Vicente, que inclui um laboratório de análises de vinho de última geração.
Entre os principais rótulos produzidos pela empresa estão o Reserva Gehry ? um vinho lançado em edição limitada de cinco mil garrafas ?; o Baron de Chirel, feito com uvas de vinhedo com mais de 50 anos; e o Grand Reserva, que leva 30 meses envelhecendo em barricas de madeira. ?A vinícola foi precursora da modernidade em Rioja e foi a primeira a levar a uva cabernet sauvignon para a Espanha?, afirma Arthur Azevedo, diretor executivo da Associação Brasileira de Sommeliers São Paulo (ABS-SP). ?Trata-se de um produtor muito conceituado, autor de vinhos excelentes como o Baron de Chirel e o Gran Reserva.?