O Tesouro Nacional afirmou nesta segunda-feira, 13, que a demanda envolvendo a primeira emissão dos títulos soberanos sustentáveis brasileiros “superou largamente” o volume emitido, com o livro de ordens próximo a US$ 6 bilhões. Conforme mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) mais cedo, foram captados US$ 2 bilhões, com taxa de retorno de 6,5% ao ano, e prazo de sete anos. Segundo o Informe Dívida do Tesouro, o cupom de juros ficou em 6,25% ao ano, cujo pagamento será realizado em 18 de março e 18 de setembro de cada ano. A emissão foi realizada ao preço de 98,572% do valor de face.

Também de acordo com o órgão, a alocação contou com “expressiva” participação investidores não residentes, sendo cerca de 75% oriundos da Europa e da América do Norte. Já a América Latina, incluindo o Brasil, respondeu por 25%. “A emissão foi majoritariamente absorvida por investidores de longo prazo, com gestores de ativos adquirindo cerca de 60% dos títulos, e contou com expressiva demanda de contas ESG, participantes do non-deal road show realizado pelo Brasil no início de setembro de 2023”, informou o Tesouro, destacando também que essa primeira emissão dos títulos ESG atraiu um “interesse significativo de investidores”, mensurado, por exemplo, pelas mais de 240 ordens no ápice do livro de ofertas.

O Tesouro também confirmou o dado divulgado há pouco pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Com a taxa de retorno praticada, de 6,5% a.a, o spread da operação fechou em 181,9 pontos-base acima da Treasury (título do Tesouro dos EUA) de referência, “menor nível em novas emissões em quase uma década”.

“A emissão reforça o papel importante da dívida externa em termos de alongamento de prazo, diversificação de indexadores e da base de investidores. Adicionalmente, corrobora o papel da Dívida Pública Federal externa de promover referência para o setor corporativo, razão pela qual o Tesouro Nacional escolheu um benchmark de 7 anos, onde se concentram as emissões privadas”, destacou o órgão sobre o lançamento, que tem vencimento em 18 de março de 2031.

O Tesouro também afirmou que a emissão representa “um novo marco na gestão da Dívida Pública Federal”, por “reafirmar” o compromisso do Brasil com políticas sustentáveis, convergindo com o crescente interesse de investidores não residentes, e com a expansão do mercado de títulos temáticos no mundo.

“Após o anúncio do Arcabouço Brasileiro para Títulos Soberanos Sustentáveis, o Tesouro Nacional dá continuidade à execução de sua estratégia, se comprometendo a alocar o montante equivalente aos recursos captados em ações que impulsionem a sustentabilidade e contribuam para a mitigação de mudanças climáticas, para a conservação de recursos naturais e para o desenvolvimento social”, disse o Tesouro. A alocação dos recursos após a emissão ficará dividida entre um intervalo de 50% a 60% para ações ambientais, e um intervalo de 40% a 50% para ações sociais.

“Com respeito ao recorte temporal da alocação de recursos, a composição indicativa é que no mínimo 75% sejam dedicados ao financiamento de novas despesas e no máximo 25% sejam dedicados ao refinanciamento de despesas já executadas, ou em curso”, reforçou.

O Broadcast antecipou que o Tesouro Nacional estava monitorando o mercado externo hoje para possivelmente fazer sua primeira emissão de papéis voltados a projetos ESG (de padrões ambientais, sociais e de governança). Depois, o Ministério da Fazenda anunciou a emissão e informou que a captação é liderada pelos bancos Itaú BBA, J.P. Morgan e Santander para os títulos com vencimento em 2031.