01/12/2024 - 14:00
Conforme dados do Tesouro Nacional, no acumulado do mês de outubro foram R$ 5,65 bilhões investidos em títulos do Tesouro Direto, em 782 mil operações. A base de investidores que está com aplicações nesses títulos atingiu 2,698 milhões de pessoas, sendo que 32,3 mil entraram em outubro.
Houve também emissão líquida de R$ 2,53 bilhões, sendo o maior valor da série histórica. Mais da metade das aplicações (56%) foram de até R$ 1 mil, e o valor médio por operação foi de R$ 7.215,21.
O Tesouro Nacional revelou que os títulos mais buscados do Tesouro Direto foram os indexados à Selic. Essa classe somou R$ 2,52 bilhões em outubro, representando 44% do total.
Já os títulos indexados à inflação (Tesouro IPCA+, Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais, Tesouro RendA+ e Tesouro Educa+) somaram R$ 2,43 bilhões e corresponderam a 43% das vendas.
Por fim, os títulos prefixados (Tesouro Prefixado e Tesouro Prefixado com Juros Semestrais) totalizaram R$ 698,4 milhões em vendas, ou 12% do total.
Títulos indexados à Selic também predominam nas recompras
O Tesouro Nacional ainda revela que nas recompras (resgates antecipados), também predominaram os títulos indexados à taxa Selic, que somaram R$ 2,00 bilhões (64,1%).
Os títulos do Tesouro Direto indexados à inflação totalizaram R$ 722,9 milhões (23,2%).
Por fim, os prefixados somaram R$ 398,1 milhões (12,8%).
Estoque chega a R$ 147 bilhões
O balanço do Tesouro Nacional também mostra que em outubro de 2024, o estoque do Programa fechou em R$ 147 bilhões, elevação de 2,7% em relação ao mês anterior, que registrou R$ 143,1 bilhões.
A maior parte do estoque – R$ 73,11 bilhões – é de títulos atrelados à inflação.
Logo em seguida aparecem:
- Títulos indexados à taxa Selic: R$ 55,3 bilhões (37,6% do total)
- Títulos prefixados: R$ 18,7 bilhões (12,7% do total)
Sobre o perfil de vencimento dos títulos em estoque, a parcela com vencimento em até 1 ano somou R$ 14,6 bilhões (10%).
A parcela do estoque vincendo de 1 a 5 anos chegou a R$ 80,8 bilhões (55%) e o montante acima de 5 anos somou R$ 51,6 bilhões (35%).
Por que os títulos públicos estão sendo mais buscados
O aumento dos investimentos em títulos do Tesouro Direto está atrelado a um ambiente macroeconômico recheado por incertezas, em que as expectativas de inflação estão desancorando e as projeções para a taxa básica de juros, a Selic, subiram nos últimos meses.
No recorte mais recente, fatores como o pacote fiscal, os dados de desemprego e outros indicadores tem corroborado uma tese de juros mais altos – com uma alta de 0,75 a 1 ponto percentual (p.p.) na reunião de dezembro e uma Selic mais alta no fim do ciclo, possivelmente acima de 14%.
Assim, títulos atrelados à Selic se tornam mais atrativos.
No caso dos títulos do Tesouro Direto atrelados à inflação, como o Tesouro IPCA+, a remuneração tem ficado na casa de IPCA+7% – patamar visto pouquíssimas vezes na história.
O aumento da remuneração, basicamente, é porque o mercado passa a precificar a desancoragem das expectativas de inflação, já que a expectativa é de que o IPCA ultrapasse o teto da meta firmada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) neste ano de 2024, de 4,5%.
Paulatinamente as projeções do consenso de mercado foram subindo nos últimos meses, e atualmente elas são de 4,63% para este ano, conforme a última edição do Boletim Focus, desta segunda-feira, 25.
O problema com o risco fiscal, vale destacar, também está atrelado à desancoragem das expectativas de inflação.
Em entrevista à IstoÉ Dinheiro, a Head de Research de Renda Fixa da XP, citou que no mercado doméstico, o tema principal ainda é o fiscal, já que o mercado ainda não enxergou um compromisso concreto do governo de um controle de gastos.