29/05/2025 - 6:30
O programa Tesouro Direto alcançou a marca de 2.983.932 investidores ativos em abril de 2025, um aumento de 36.416 pessoas no mês. Em 12 meses, a ampliação foi de 15,3%.
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O avanço ocorre em meio a uma trajetória de alta da taxa básica de juros do país, a Selic. Após encerrarem o mês de abril em 14,25%, os juros foram aumentados novamente pelo Banco Central no dia 7 de maio e encontram-se atualmente em 14,75%, o maior patamar desde 2006.
Ao observar o valor investido, as cifras também impressionam. O estoque do programa fechou abril em R$ 170,9 bilhões, um aumento de 3,5% em relação a março (R$ 165,1 bilhões) e de 25,1% sobre o mesmo mês em 2024 (R$ 136,5 bilhões).
O Tesouro Direto é o programa mantido pela Secretaria Nacional do Tesouro do Brasil para possibilitar investimentos no Tesouro Nacional. Ao comprar os títulos, você se torna de certa forma credor da dívida pública, e recebe assim uma remuneração em juros conforme o tipo de título escolhido. Veja todos os disponíveis neste link.
‘Selic nas alturas’
Especialistas consultados pela IstoÉ Dinheiro afirmam que o patamar dos juros e o crescimento do Tesouro estão diretamente relacionados.
“Com a Selic nas alturas, os títulos públicos voltaram a oferecer retornos reais bastante interessantes — e com risco praticamente nulo”, explica o sócio-fundador da Garoa Wealth Management, Ricardo Schweitzer. “Em um cenário assim, fica difícil justificar a exposição a ativos mais voláteis quando é possível obter uma boa remuneração, com segurança e previsibilidade.”
Por possuir a garantia do Tesouro Nacional, os títulos públicos são considerados o investimento mais seguro disponível no mercado. Além disso, há papéis que remuneram exatamente a Selic, e por isso seu rendimento aumenta em momentos de alta dos juros como o atual.
O grupo de títulos mais demandado pelos investidores em abril foi justamente o Tesouro Selic, que somou R$ 3,7 bilhões (51,6% das vendas). Há ainda papéis atrelados à inflação oficial do país (o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, ou IPCA) e outros com remuneração pré-fixada.
Outro fator apontado por especialistas como impulso para o programa é o avanço da educação financeira na população. “A maior conscientização financeira e a busca por alternativas mais seguras em um ambiente de juros reais positivos favorecem a continuidade desse crescimento”, sintetiza o analista Gianluca Di Mattina, da Hike Capital.
Na avaliação do Morgan Stanley, o Banco Central encerrou o atual ciclo de elevações da Selic com a taxa básica em 14,75% ao ano, mas tende a iniciar um novo período de cortes apenas no fim do primeiro trimestre do ano que vem. Mas há quem aposte em reduções antes disso. Vejas veja as projeções atualizadas para IPCA, Selic e dólar em 2025 e 2026.
O crescimento do Tesouro Direto vai continuar?
Na avaliação dos analistas consultados, o crescimento do Tesouro Direto permanecerá por um bom tempo. “Enquanto os juros permanecerem altos e o cenário fiscal gerar volatilidade em ativos de risco, o apelo da renda fixa tende a se manter”, afirma o analista Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos.
“Caso o Banco Central inicie cortes mais agressivos na Selic, pode haver migração parcial para ativos de maior risco e potencial retorno, como ações”, pondera Di Mattina.
Tal cenário, no entanto, é improvável. Segundo a última edição Boletim Focus — que compila as previsões de empresas do mercado financeiro para os indicadores econômicos –, os juros devem chegar ao final do ano no atual patamar de 14,75%, e encerrar os próximos anos em 12,50% (2026), 10,50% (2027) e 10,00% (2028).
Os especialistas no entanto comemora este cenário. “O acesso fácil e a segurança do Tesouro Direto o consolidam como porta de entrada para pequenos investidores, especialmente aqueles que antes ficavam restritos à poupança”, diz Lima.
“Para muita gente, tem sido o primeiro passo no mundo dos investimentos — o que é positivo para o mercado como um todo”, concorda Schweitzer.