O momento é agora. O rendimento nominal dos títulos públicos federais mais seguros no Tesouro Direto está no pico, no maior patamar em sete anos, quando a rentabilidade média das Letras Financeiras do Tesouro (LFTs ou Tesouro Selic) havia alcançado 13,77% em dezembro de 2016. Dados atualizados da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) mostram que o Tesouro Selic com vencimento para 2024 teve retorno nominal de 13,72% em 12 meses até 15 de maio de 2023, com a diferença de que a inflação atual, em torno de 4,2% segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é bem menor que aquela de 6,29% registrada em 2016. Ou seja, os ganhos reais do Tesouro Selic estão em 9,5 pontos percentuais ao ano, dois pontos percentuais acima dos 7,5 pontos percentuais vistos em 2016. É a maior taxa real de juros do mundo.

A volatilidade recente no mercado de renda fixa aponta que a temporada de juros reais elevados está chegando ao fim. Para o head de Research da Guide Investimentos Fernando Siqueira, é possível aproveitar o momento antes que as taxas recuem para níveis menos atrativos. “O cenário é propício para alocação, mas a janela está se fechando”, afirmou. “O mercado tende a antecipar a expectativa de queda de juros, e os papéis prefixados e os híbridos (IPCA) são os que mais se beneficiam desse cenário, especialmente os de duration (prazo) mais longo”, disse.

Diante da expectativa de queda da Selic nos próximos meses, Siqueira sugere as NTN-Bs (ou Tesouro IPCA) com vencimento em 2035 e as LTNs (ou Tesouro Prefixado) com prazo para 2029 com uma participação maior na carteira de renda fixa dos investidores, e uma participação menor em LFTs (ou Tesouro Selic) daqui para frente. “Nossas projeções de taxa de juro real neutra estão pouco inferiores a 5% ao ano, o que leva a projeção da Selic no longo prazo para 9% ao ano com um IPCA considerado em uma meta de 4% ao ano”, disse.