O Estado Islâmico pode ter acabado de recuperar o controle de Palmira, mas uma mostra tridimensional “imersiva” em Paris permite ao público passear pelos monumentos milenares desta antiga cidade síria antes de que estes sejam destruídos pelo grupo extremista.

A exposição “Lugares Eternos” utiliza imagens de alta definição registradas por drones para reproduzir quatro dos locais mais ameaçados do Iraque e da Síria, inscritos na lista do Patrimônio Mundial da Humanidade.

A mesquita Umayyad, do século VIII, em Damasco – considerada por muitos como o quarto lugar mais sagrado do islã -, o castelo Krac des Chevaliers, perto da devastada cidade de Homs e os restos da antiga cidade de Khorsabad, no norte do Iraque, que data do século VII A.C., também foram recriados sob a cúpula do Grand Palais de Paris.

O diretor do museu do Louvre e curador geral da exposição, Jean-Luc Martinez, disse que a intenção é “mostrar lugares que já não são acessíveis e a beleza da sua arte”.

Palmira, em pleno deserto sírio, voltou a ser conquistada pelo Estado Islâmico no último domingo, nove meses depois das forças do regime sírio e seus aliados expulsarem os jihadistas desta cidade histórica.

Entre maio de 2015 e março de 2016, os militantes do Estado Islâmico devastaram a cidade, destruindo seus templos, colunas e outros tesouros arqueológicos.

Com golpes de martelo, destruíram a famosa estátua do Leão Alat, uma peça única de três metros de altura e 15 toneladas, que ficava na entrada do museu de Palmira, e explodiram os templos de Bel e de Baal Shamin, assim como o Arco do Triunfo da cidade, da época romana.

As imagens em 3D foram feitas pela empresa especializada Iconem, que trabalha na Síria, Iraque e Afeganistão.

“Utilizamos muito os drones. Depois, com algoritmos e computadores reconstruímos lugares de forma realista a partir das imagens” capturadas, explicou Yves Ubelmann, cofundador da empresa francesa.

Os resultados desta técnica são impressionantes: a partir de uma imagem 3D de blocos de pedra sobre o solo, provenientes dos arcos do templo de Bel em Palmira, a Iconem pode reconstruir o quebra-cabeças e voltar a dar vida a este lugar emblemático.

Na exposição, há também um vídeo que mostra a explosão, em 2001, por parte dos talibãs, dos budas gigantes de Bamiyan, no Afeganistão.

“Quisemos preservar um patrimônio ameaçado por uma situação de guerra”, afirmou Jean-Luc Martinez, que foi encarregado pelo presidente francês, François Hollande, de redigir um relatório com 50 propostas para a proteção de obras de arte em zonas em conflito.

“Desde Bamiyan, há uma manipulação da opinião pública com a destruição, é um tipo de terrorismo através da imagem”, disse o diretor do Louvre.

“É nossa responsabilidade responder a isto com a sensibilização”, acrescenta.

Os locais, selecionados em conjunto com o Louvre, correspondem a quatro grandes civilizações: a alta antiguidade (Khorsabad), a cultura greco-romana (Palmira), o mundo islâmico (Umayyad) e a presença cristã no Oriente (Krak des Chevaliers).

A mostra, que conta também com várias peças do museu do Louvre, estará aberta ao público entre 14 de dezembro e 9 de janeiro.

fa/meb/jz/db/mvv