15/07/2018 - 9:18
Um dos mecanismos para reduzir as taxas de gestações múltiplas, os testes genéticos em embriões não são consenso. Do ponto de vista técnico, são considerados invasivos. Isso porque, para que seja analisado, o embrião tem de passar por uma biópsia, com corte a laser.
“Imagine um embrião com pouco mais de duas centenas de células. Tirar quatro a oito células, quer queira ou não, agride”, diz Hitomi Nakagawa, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida. O teste, diz, é contraindicado para mulheres jovens, que têm menos riscos de anomalias genéticas.
Márcia Riboldi, diretora da Igenomix Brasil, uma das empresas que faz os diagnósticos, defende o método. “Temos uma precisão de 99%”, afirma. “Com isso, as taxas de gestação foram aumentando.” Segundo ela, o próximo passo é desenvolver técnicas para analisar apenas os resíduos deixados pelo embrião – sem tocá-lo.
Outro ponto de debate é de cunho ético. Além das mutações cromossômicas que tornariam a implantação do embrião inviável, o exame traz resultados de condições genéticas que não são incompatíveis com a vida, como a Síndrome de Down. Cabe aos casais a decisão de transferir estes embriões.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) permite testes para o diagnóstico de alterações genéticas causadoras de doenças e o descarte, mas não detalha circunstâncias em que os embriões podem ser excluídos. Em nota, o CFM informou que “permanece atento” a esse tema e disse que uma “proposta de atualização da regra” pode ser levada ao plenário do órgão.
“O teste genético é uma forma de eugenia, de dizer que alguns seres não têm direito à vida”, diz o biólogo e sociólogo Francisco Borba, do Núcleo de Fé e Cultura da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). “É negado o direito de a criança ser tal qual ela é.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.