29/10/2025 - 10:54
O Theatro Municipal do Rio de Janeiro encerra a partir desta quarta-feira (29) o espetáculo Frida, do coreógrafo carioca Reginaldo Oliveira, em sua estreia na América Latina.
As primeiras bailarinas do Municipal, Claudia Mota e Márcia Jaqueline, se revezam no papel da pintora mexicana Frida Kahlo. O balé tem supervisão artística de Hélio Bejani e Jorge Teixeira, com direção geral de Hélio Bejani. As sessões estão programadas para os dias 29, 30 e 31 deste mês, às 19h, com classificação etária de 12 anos. Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do teatro ou através do site.
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Em entrevista à Agência Brasil, o coreógrafo Reginaldo Oliveira informou que essa é sua primeira coreografia para o balé do Theatro Municipal do Rio, onde também atuou como bailarino. “Foi um sonho, porque saí de uma comunidade do Rio”, lembrou. Há cerca de 20 anos, ele trabalha como diretor de balé e coreógrafo da companhia Salzburg Landestheater, na Áustria.
Para criar o espetáculo Frida, Reginaldo pesquisou sobre a vida da artista plástica em livros, fotos e cartas escritas por ela. “Para mim, foi muito importante entrar nesse mundo (de Frida), tentar me conectar e tirar de dentro para fora elementos que mostrassem ao público a força daquela mulher, que, apesar de ter sofrido um acidente terrível, que resultou em mais de 30 cirurgias, transformou essa dor em arte”.
Antes de ensaiar com os bailarinos, ele se reuniu com o corpo de baile do Municipal do Rio, e apresentou Frida e sua obra em livros, fotos, pinturas e textos, fazendo um verdadeiro laboratório.
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Força e superação
Para o coreógrafo, Frida tem uma força “descomunal”. Por isso, o balé é inspirado na força dessa artista e suas origens. “Eu trago nesse balé o acidente, mas trago também a superação, que é muito importante para nós, seres humanos. Ela decide viver, lutar por seus ideais. É uma mulher muito avançada para seu tempo. Frida é muito atual, ela vive entre nós. O balé mostra que temos que seguir em frente; que temos momentos de dor, mas temos que lutar. E sermos verdadeiros”.
Foi sempre um sonho de Reginaldo voltar como coreógrafo ao Municipal do Rio, mostrando sua experiência de mais de 20 anos. Durante o espetáculo, as bailarinas Sophia Palma e Tabata Salles trazem para o palco uma espécie de autorretrato de Frida Kahlo, que transformou o tempo que passou na cama, após as inúmeras cirurgias, em pinturas dela própria. “Ela se transformou em arte”, analisou o coreógrafo.
Origens
Oriundo da comunidade da Maré, na zona norte do Rio, Reginaldo Oliveira iniciou sua formação em dança na capital fluminense, estudando com Jorge Teixeira. Em 1998, conquistou o primeiro lugar no Concurso de Balé Russo, em São Paulo, e recebeu uma bolsa de estudos para a Academia Estatal de Coreografia do Balé Bolshoi, em Moscou.
Dois anos depois, ingressou na companhia do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sob a direção de Richard Cragun, sendo promovido a solista em 2003. Em 2006, transferiu-se para a Alemanha, integrando o Badisches Staatsballett Karlsruhe, dirigido por Birgit Keil.
Reginaldo é fascinado por figuras femininas, tendo feito coreografias sobre Medeia e Anne Frank. Desde 2017, vive e trabalha em Salzburgo, na Áustria.