16/03/2001 - 7:00
Para convencer os executivos da renomada Tiffany, tradicional marca americana de jóias e artigos de luxo, a colocar uma loja no Brasil, Carlos Jereissati Filho, responsável pela operação do grupo de shopping centers Iguatemi, não teve dúvidas. No final de 1999, promoveu uma espécie de tour pelas casas de cinco amigos ricos, fiéis consumidores das louças, cristais e diamantes Tiffany, em São Paulo. ?A intenção era mostrar o potencial de consumo da marca no mercado brasileiro?, diz Jereissati. ?Existe um público que não quer mais comprar só quando viaja para o exterior, que adoraria adquirir bons produtos aqui e agora?, avalia. A iniciativa pouco ortodoxa deu certo. A partir de maio, a atmosfera luxuosa da Tiffany, com seus guardas bem vestidos e seu sofisticado interior de cerejeira, faz sua estréia numa área nobre do Shopping Iguatemi em São Paulo. São cerca de 400 metros quadrados de deslumbramento no ponto comercial mais valorizado do País ? o aluguel mensal de uma loja no Iguatemi custa, em média, US$ 1,7 mil o metro quadrado.
Por enquanto, a lendária fachada de granito está sendo guardada por tapumes no famoso tom azul Tiffany, cor da caixa de presente que se transformou num ícone internacional de sofisticação. O Iguatemi abriu uma exceção e a Tiffany terá duas entradas, uma pelo shopping e outra pela Avenida Faria Lima. Segundo Charles Krell, gerente-geral do Iguatemi, a chegada da Tiffany é mais um aval de que o Brasil está na rota mundial das grifes de luxo. ?O nosso shopping é o endereço certo para o desembarque da marca, pois ela vai estar ao lado de grifes de peso como Louis Vuitton e Armani?, afirma Krell. A nova loja da Tiffany contará com uma ampla linha de jóias e diamantes, além de acessórios, perfumes e peças de design assinados por Paloma Picasso. O novo anel de noivado Lucida, um dos hits do momento na Tiffany, que é oferecido nas lojas de Los Angeles, Londres, Milão, Paris, Tóquio, Nova York, entre outras, também estará à disposição dos clientes brasileiros.
Imortalizada no best-seller de Truman Capote, Breakfast at Tiffany?s, escrito em 1950, e anos depois no filme baseado no livro e estrelado pela atriz Audrey Hepburn, a Tiffany faz parte da história do enriquecimento da sociedade americana. Ao longo do século 20, ela marcou presença no dia-a-dia dos ricos e famosos da América. A porcelana chinesa da Tiffany foi (e ainda é) presença garantida nos jantares dos poderosos na Casa Branca. A grife também teve o privilégio de ser usada pelas grandes divas americanas como Grace Kelly e Jacqueline Onassis Kennedy. Para a consagrada atriz francesa Sarah Bernhardt, a Tiffany criou, no final do século 19, uma banheira de prata de lei que a atriz utilizou durante sua turnê nos selvagens territórios do oeste americano.
Fundada em 1837, em Nova York, pelos amigos Charles Lewis Tiffany e John B. Young, a Tiffany nasceu com vocação para oferecer produtos caros e de bom gosto. A primeira grande jogada de marketing aconteceu em 1877, quando a empresa adquiriu um dos maiores e mais raros diamantes do mundo de uma mina da África do Sul. O diamante foi lapidado pelos joalheiros da Tiffany com uma técnica especial que lhe deu um brilho único. Surgia o diamante Tiffany. A marca entrava de vez para o maravilhoso mundo do consumo de luxo.
Se tivesse se impressionado com os resultados do primeiro dia de operação da sua loja, o jovem Charles Tiffany, que tinha apenas 25 anos na época, talvez tivesse desistido da idéia. As vendas registraram US$ 4,98 no caixa da empresa. Valeu a insistência. A grife faturou cerca de US$ 1 bilhão de janeiro a outubro de 2000, valor 20% superior ao acumulado no mesmo período de 1999. O carro-chefe são as jóias, que representam 77% do faturamento da empresa. Cada anel comprado na Tiffany vem com um certificado que inclui as exatas medidas da pedra. E, claro, dentro da mágica caixinha azul.