31/01/2014 - 21:00
A mais memorável campanha publicitária da Tigre, fabricante catarinense de canos e acessórios de PVC, tinha como slogan a frase “Fuja do mico”. A expressão, criada em 2006, parecia antever o mau agouro da estratégia da empresa, sete anos depois. Quase todos os planos de expansão da Tigre micaram em 2013. O plano de abrir cinco novas fábricas, definido pelo ex-CEO Evaldo Dreher, foi para a geladeira assim que o executivo foi substituído pelo paulista Otto Von Sothen. Apenas duas novas unidades, em Rio Claro, no interior paulista, e Camaçari, na Bahia, ficaram prontas.
Novos rumos: Von Sothen tem o desafio de defender a liderança,
mantendo-se distante da Amanco
Com seis meses de atraso no cronograma, uma outra fábrica, em Marechal Deodoro, em Alagoas, deverá ser inaugurada em parceria com a americana ADS na quarta-feira 4. As outras duas unidades, no Peru, estão adiadas até segunda ordem. Além das dificuldades para executar seu plano de expansão – considerado essencial para sustentá-la na liderança do segmento, com cerca de 45% de participação de mercado –, sua principal concorrente, a Amanco, do grupo mexicano Mexichem, tem apresentado um ritmo bem maior. Enquanto a Tigre, controlada pela família Hansen, de Joinville, ampliou em cerca de 12% suas vendas, em 2013, ao atingir R$ 3,5 bilhões, a rival cresceu em 20%, chegando a R$ 1,4 bilhão de receitas e 32% de market share.
Até o ano que vem, a Amanco, que teve como seu primeiro presidente o empresário João Hansen Filho, herdeiro dissidente da Tigre, investirá mais de US$ 100 milhões para ampliar sua capacidade produtiva e seu portfólio de produtos. “A concorrência sempre é boa e te obriga a ter um olhar atento, mas a Amanco repetiu o modelo de sucesso da Tigre sem fazer nada de novo. Vender barato é muito fácil”, atacou o presidente da Tigre, Von Sothen, em recente entrevista à imprensa catarinense. “É o que eles fazem. Se você me perguntar se vamos baixar preços, a resposta é não.
Planejamos ter mais presença em mais pontos de venda.” Embora tenha crescido quatro vezes mais do que a indústria de materiais de construção, que movimentou R$ 7,5 bilhões no ano passado, segundo associação do setor, a Abramat, a Tigre pretende, ao que tudo indica, redesenhar seus rumos. “Atingimos o crescimento esperado no faturamento e apostamos que 2014 será ainda melhor”, afirmou o diretor comercial da Tigre, Gustavo Zanchi. Para isso, a companhia trará algumas novidades nas prateleiras das mais de 100 mil lojas.