Em meio a um período de turbulências e desgaste de imagem, motivado por queixas de usuários em relação à qualidade do serviço, a empresa de telefonia celular TIM Brasil anunciou a compra da AES Atimus. O negócio foi fechado na sexta-feira 8 por R$ 1,6 bilhão e fará com que a subsidiária da Telecom Italia tenha voz ativa no segmento de dados nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo. “Essa aquisição permitirá à empresa adicionar valor, além de aumentar a satisfação dos clientes”, disse o italiano Luca Luciani, presidente da TIM Brasil. 

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Luca Luciani: com 5,5 mil quilômetros de rede de fibra óptica,
a AES Atimus chega a oito milhões de residências e a 500 mil empresas

Para os especialistas, no entanto, a grande vantagem da transação é a possibilidade de a operadora se fortalecer no mercado de banda larga de alta velocidade. “A TIM ganha uma estrutura robusta, que poderá dar suporte ao seu crescimento, especialmente junto aos clientes corporativos”, diz Eduardo Tude, diretor da consultoria Teleco. Hoje, a rede da AES Atimus chega a oito milhões de residências e a 500 mil empresas. É a segunda aquisição da TIM nessa área em menos de dois anos. Em dezembro de 2009, a empresa adquiriu a rede da Intelig, dona de uma infraestrutura nacional de 16 mil quilômetros de fibra óptica, por um valor estimado em R$ 700 milhões, entre ações e dívidas.  

Apesar das vantagens representadas pela transação – na qual a TIM teve como concorrentes a brasileira Oi e a mexicana Embratel, de acordo com fontes do setor –, isso não significa um alívio imediato na pressão exercida por órgãos de defesa do consumidor. Desde o início de 2011, a Justiça  no Ceará,  Santa Catarina e Rio Grande do Norte proibiu a TIM de comercializar seus chips nesses Estados, por um período entre dois e 48 dias. Em Alagoas, os deputados estaduais chegaram a propor uma CPI para investigar a operadora. 

 

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“A situação da TIM só vai melhorar quando  conseguir expandir sua infraestrutura de conexão, aumentando o número de estações radiobases”, afirma Tude. Considerada o filé do segmento de telecomunicações, a transmissão de dados – que engloba serviços de conexão à internet em banda larga – costuma gerar uma margem de ganho maior em relação ao serviço de voz. Isso porque é nesse último nicho que se concentra a guerra de preços entre as operadoras. 

 

Foi por usar uma estratégia agressiva que a TIM se tornou a empresa que mais cresceu no mercado brasileiro de telecomunicações em 2010, quando conquistou 9,9 milhões de clientes, aproximando-se da mexicana Claro na briga pela vice-liderança do mercado. Ao mesmo tempo, saiu da quarta posição para a liderança do ranking de reclamações de usuários, entre as operadoras móveis.