16/03/2001 - 7:00
Acomemoração foi tímida, com meros apertos de mão e polegares levantados. E não poderia ser diferente. Os executivos da Telecom Italia Mobile (TIM) foram os únicos a concorrer no leilão da Banda E celular e, portanto, sagraram-se vencedores. O leilão de uma nota só durou 30 minutos. Os italianos pagaram R$ 990 milhões, ágio de apenas 5,32%, pela licença para operar no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e outros 13 Estados do Norte e Nordeste. A companhia vai receber um desconto de R$ 470 milhões como indenização pela devolução das licenças em regiões como Minas Gerais e o Nordeste do País, onde já atua por meio das bandas A e B. Com a compra, os gastos dos italianos em solo brasileiro chegam a R$ 2,5 bilhões. Há um mês, eles arremataram a região Sul do País, Brasília e São Paulo por R$ 1,5 bilhão. Com todas essas conquistas, a empresa passa a ser a única operadora com alcance nacional e, por conseqüência, a menina dos olhos dos principais fornecedores de equipamentos e infra-estrutura telefônica.
Marco De Benedetti, presidente mundial da operadora, esteve no Rio de Janeiro para acompanhar o leilão da Banda E e fez mistério sobre os primeiros acordos fechados com fornecedores. Disse, apenas, que eram três grandes nomes do mercado. Nos corredores da telefonia, especula-se que Siemens e Alcatel já estariam nesta lista. Outra dezena de companhias também teria batido à porta da TIM, com uma proposta melhor que a outra. De Benedetti desconversa. O fato é que a simples presença do capo di tutti capi no País dá uma idéia da pretensão italiana. Até 2004, a empresa terá investido R$ 7,8 bilhões no Brasil. Para organizar as operações por aqui, o executivo anunciou a criação de uma holding, a TIM do Brasil, que concentrará os ativos da companhia e terá o italiano Guglielmo Noya como principal executivo. No primeiro ano de atividade, a empresa quer superar a marca de 500 mil clientes nos 16 Estados da banda E. Há planos ainda de parcerias com outros portais de Internet, além do Globo.com, do qual os italianos têm 30% do capital. Os portais serão responsáveis pelo conteúdo para as empresas celulares do grupo. ?Na Itália, trabalhamos com 250 fornecedores?, diz De Benedetti.
No dia em que os italianos comemoravam sua segunda vitória, o presidente do Opportunity, Daniel Dantas, decidiu dar o ar da graça. Apareceu na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro pouco antes do leilão. Dantas vive às turras com os italianos por causa do controle da Brasil Telecom na telefonia fixa. Indagado, ele alegou que estava lá para comunicar ao presidente da Anatel, Renato Guerreiro, sua disposição em comprar o controle da Vésper. Nos bastidores, comenta-se que Dantas estava interessado em apressar a saída da Telecom Italia das operações da Brasil Telecom. O recado de Roma veio rapidamente. Em nota oficial, o grupo tentou dissipar qualquer rumor sobre as negociações com Dantas: ?Não existe acordo entre o Opportunity e a Telecom Italia para reduzir nossos poderes na Brasil Telecom?. Pelo visto, a TIM não quer saber de perdas por aqui.